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O protesto de servidores na tarde desta quarta-feira contra pacote de medidas fiscais proposto pelo governo do Rio de Janeiro foi marcado por confronto, tumulto e agressões a jornalistas.
Os manifestantes concentraram-se em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para acompanhar a votação de dois projetos que fazem parte do pacote. O protesto começou tranquilo e ficou tenso depois que manifestantes tentaram ocupar a escadaria do prédio e derrubaram a grade de proteção.
A polícia reagiu com bomba de gás, spray de pimenta e até cavalos para conter os manifestantes e impedir a entrada deles na assembleia. Comerciantes fecharam as portas com medo de depredação.
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Repórteres foram impedidos de trabalhar
Quatro jornalistas foram agredidos por manifestantes quando faziam a cobertura do protesto. A maioria dos manifestantes era de policiais militares, bombeiros e agentes penitenciários. O repórter Caco Barcellos, da Rede Globo, foi hostilizado e agredido quando gravava uma reportagem. Ele acabou sendo expulso do local, sob gritos, vaias, agressões físicas e objetos foram jogados em sua direção.
O repórter Guilherme Ramalho, do jornal O Globo, também foi agredido e impedido de trabalhar.
O repórter Gustavo Maia, do portal de notícias UOL, teve o celular arrancado de sua mão pelo tapa de um manifestante, quando gravava o protesto. O aparelho não parou de gravar mesmo após cair no chão. O rosto do agressor pode ser visto nas imagens.
Um repórter do G1 teve a máscara de proteção arrancada de seu rosto e ainda levou um soco no braço, quando se identificou como repórter. Ele foi xingado.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro criticou em nota, divulgada nesta noite, as agressões aos jornalistas.
"O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro repudia o recrudescimento das agressões a jornalistas no exercício de suas funções. Hoje, durante as manifestações que vêm acontecendo em frente à Alerj, contra as propostas restritivas ao funcionalismo público, feitas pelo governo do estado, diversos profissionais foram agredidos. Essa prática de agressão a jornalistas está se tornando um hábito nefasto, que fere o direito à informação e espelha o ódio e o desrespeito cada vez mais presentes em determinados segmentos da sociedade", disse a entidade.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também emitiu nota de repúdio:
"A Abraji repudia esses ataques e apela aos manifestantes que preservem o trabalho da imprensa. A livre informação é a principal arma de uma sociedade em luta democrática. A Abraji orienta os repórteres a registrarem as agressões junto à Polícia Civil, e pede que os agentes investiguem as ocorrências. Aos policiais militares, a Abraji pede que ajude os profissionais da imprensa a fazerem a cobertura dos protestos com segurança", afirmou.
Servidores prometem parar caso não recebam o 13º
Durante o protesto, várias categorias de servidores participaram. A maioria – policias civis, militares e bombeiros – exibia faixas dizendo que pretendem parar de trabalhar caso não recebam o décimo-terceiro salário: "Sem 13º, sem réveillon". Outra, dos servidores da Justiça, questionava a redução da cobrança de impostos para o setor produtivo. "É justo dar isenção fiscal e quebrar o estado?", dizia, sobre os benefícios.
O coordenador do Sindicato de Servidores do Poder Judiciário (Sindjustiça), Fred Barcelos, disse que o "plano B" da população para a crise econômica é o protesto.
– Esse pacote é um arrocho em cima da população e dos servidores – afirmou.
Para ele, o governo quer enfraquecer o funcionalismo.
– O servidor público serve ao público, acabar com o funcionalismo é arrochar ainda mais a população. Querem cortar os aluguéis sociais, os restaurantes populares, enquanto gastam milhões com jantares e flores – criticou.
O pacote do governo prevê é cortar o pagamento de cerca de 10 mil beneficiários do aluguel social – em geral, moradores de áreas de risco, que recebem até R$ 500 por mês – e restaurantes populares, onde o almoço custa R$ 2, além de aumentar alíquotas de contribuição previdenciária de servidores ativos e aposentados.
O objetivo é economizar R$ 13,3 bilhões ainda este ano com as medidas. Por outro lado, segundo a Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) o governo do estado deixa de rever despesas próprias, com frutas secas, coroas de flores, alugueis de imóveis e vagas para carro.
Outra queixa dos servidores é os auxílios que alguns funcionários recebem para cobrir gastos com moradia e educação e que podem passar de R$ 5 mil por pessoa.
As categorias também cobram diálogo e criticam a convocação de policiais de outros Estados para fazer a segurança no Rio. Homens da Força Nacional chegaram na terça-feira de emergência para reforçar a segurança na Alerj, onde foi colocada mais uma grade para impedir a aproximação de manifestantes.