Às vésperas da votação do pacote de medidas do governo Sartori, representantes das seis maiores bancadas da Assembleia participaram nesta quarta-feira no Tá na Mesa da Federasul para conversar com empresários sobre as propostas. PDT e PTB devem ser os fiéis da balança na análise dos projetos, já que não definiram posição sobre várias propostas e o voto dos seus deputados deve definir pautas polêmicas. Os deputados Eduardo Loureiro (PDT), Frederico Antunes (PP), Gilberto Capoani (PMDB), Ronaldo Santini (PTB), Tarcísio Zimmermann (PT) e Zilá Breitenbach (PSDB) falaram durante alguns minutos a respeito do provável posicionamento das bancadas nas sessões que ocorrerão na semana que vem. PMDB, PP e PSDB devem ajudar o governo na maioria dos projetos. O PT votará contra o pacote.
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Até mesmo por essa condição de indefinição sobre a posição dos partidos, PDT e PTB foram os mais questionados pelos empresários. A presidente da Federasul, Simone Leite, que defendeu a aprovação do pacote, leu a pergunta de um dos integrantes da plateia que questionava diretamente o líder da bancada pedetista, Eduardo Loureiro, sobre como votariam os membros da sigla. Diante de uma resposta evasiva do parlamentar, Simone insistiu em saber qual será a postura do PDT:
– Vocês vão liberar ou não a bancada?
Na tréplica, Loureiro voltou a desconversar e disse preferir que a bancada tenha posição conjunta, mas que "isso nem sempre é possível". O representante do PTB, Ronaldo Santini, seguiu linha semelhante e afirmou que o partido "quer ajudar o desenvolvimento do Estado", porém não pode abrir mão de pautas históricas, como a defesa do salário dos servidores.
– Não vamos votar a favor de uma PEC que retira o dia de pagamento dos servidores. As pessoas precisam saber quando vão receber – reclamou.
Embora ainda mantenham certo mistério e digam que estão em fase de análise das propostas, os deputados do PDT e do PTB sinalizaram que votarão contra a extinção de algumas fundações. No pacote, Sartori pretende extinguir nove fundações e uma autarquia. As outras medidas que encontram mais resistências são as propostas que alteram o repasse dos duodécimos dos outros poderes, a redução dos créditos presumidos e a que retira a obrigatoriedade de realização de plebiscito para privatizar estatais.
Representante do partido do governador, Gilberto Capoani defendeu a aprovação integral do pacote e lembrou que, em algum momento, o governo deverá discutir o que fazer com Daer, UERGS e Tribunal de Justiça Militar, que também poderiam ser extintos.
Confira abaixo o que disseram os deputados:
Frederico Antunes (PP)
"As pessoas estão preocupadas é com o seu ganha-pão. Nem todos têm condições de ir para a frente da Assembleia protestar. Nós, deputados, e vocês, empresários, representamos quem não pode ir na Assembleia. Temos de ter desapego a algumas questões".
Gilberto Capoani (PMDB)
"O deputado não representa a sua vontade própria. Ele representa o seu eleitor. Não queríamos estar fazendo isso, mas a situação do Rio Grande do Sul é de calamidade financeira".
Tarcísio Zimmermann (PT)
"A crise do RS dura mais de 40 anos. As pessoas dizem que é por culpa do inchaço do Estado, mas o RS tinha 173 mil funcionários em 2006, e, em 2015, tinha 155 mil. Nesse período, o orçamento passou de R$ 19 bilhões para R$ 63 bilhões. Não se resolve a crise com o desmonte do Estado. A razão da crise é a guerra fiscal e a sonegação".
Eduardo Loureiro (PDT)
"Temos problemas em todas as áreas do Estado. Para resolver, são necessárias reformas. O atual governo vem adotando medidas importantes. Não é fácil se posicionar sobre um conjunto de medidas como esse. As mudanças são necessárias, mas temos de ter cautela para analisar cada uma delas".
Ronaldo Santini (PTB)
"Queremos ajudar, mas não vamos rasgar as nossas bandeiras históricas sem analisar muito bem cada proposta. Estamos analisando, por exemplo, a extinção de estatais, vendo quais realmente são necessárias e quais podem ter as atividades absorvidas por secretarias".
Zilá Breitenbach (PSDB)
"Quando se gasta mais do se arrecada, o Estado acaba ficando nessa situação de não conseguir investir para melhorar a vida das pessoas. Os governos Britto e Yeda tentaram começaram a promover algumas mudanças importantes, assim como o governo atual está tentando".