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Quatro anos depois da tragédia que vitimou 242 pessoas, a Prefeitura de Santa Maria espera desapropriar o prédio da boate Kiss até a metade deste ano.
Conforme o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), o processo deverá ocorrer de forma "amigável", sem discussão na Justiça. No entanto, o valor que será desembolsado pelo município a uma empresa para obter a área ainda não está definido.
– Já estamos tratando dos valores. Nosso governo vai agir com responsabilidade e austeridade. Entendo que a prefeitura deve para (a sociedade de) Santa Maria, devemos ao Rio Grande do Sul e ao Brasil – afirmou Pozzobom em entrevista ao Gaúcha Atualidade, nesta sexta-feira.
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Na quinta-feira, o prefeito de Santa Maria se reuniu com um representante da empresa que é proprietária da boate Kiss. De acordo com Pozzobom, após a desapropriação do prédio, a expectativa da prefeitura é de que a demolição do imóvel ocorra "até o ano que vem".
– Já pedi para engenheiros da prefeitura e da iniciativa privada, que se colocaram à disposição gratuitamente: nós vamos discutir a demolição do prédio e, a partir daí, montar um projeto para fazer a construção de um memorial.
O memorial às vítimas da boate Kiss deverá ser dirigido por entidades, como a Associação dos Familiares e a Universidade Federal de Santa Maria.
– Queremos fazer um memorial para fique registrado na história a grande tragédia que deixou todos nós tristes – disse.
Pozzobom ainda afirmou que contatou diversas autoridades do município após a tragédia e evitou, ao ser questionado, avaliar se a prefeitura falhou durante a ocorrência – então administrada pelo atual secretário de Segurança Pública do Estado, Cezar Schirmer.
O tucano lembrou, no entanto, que uma sindicância foi feita, na época, e reiterou que o Executivo oferecerá todas as informações às autoridades policiais e judiciais, caso algum documento tenha sido "sonegado".
Familiares das vítimas seguem aguardando justiça
Enquanto a prefeitura se organiza para a destruição do prédio da boate, familiares das vítimas buscam na corte internacional uma forma de justiça. Ao programa Gaúcha Atualidade, o presidente da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, Sérgio da Silva, afirmou que os parentes seguem buscando formas de responsabilizar os agentes públicos pelo incêndio.
_ O Rio Grande do Sul está dando um exemplo de imoralidade. Não queremos nada, só responsabilização. Você tem que entender que muitas famílias foram dizimadas, e que não temos resposta por isso _ afirmou.
Ainda de acordo com Silva, a maioria dos pais das vítimas sairia do RS ou do país, se tivesse condições financeiras, por causa da revolta com a demora no processo.