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A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira a 38ª fase da Lava-Jato, batizada de Operação Blackout. O nome tem ligação direta com os principais alvos desta etapa: Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho, lobistas na Petrobras ligados ao PMDB, apontados como operadores financeiros do esquema de corrupção na estatal.
Os mandados de prisão preventiva estão sendo cumpridos no Estado do Rio de Janeiro. Além disso, a PF cumpre 15 mandados de busca e apreensão.
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De acordo com as investigações, os operadores foram identificados como facilitadores na movimentação de recursos indevidos pagos a integrantes das diretorias da Petrobras. A dupla também é suspeita de utilizar contas no exterior para fazer repasse de propinas a agentes públicos, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
"Entre os contratos da diretoria Internacional, os alvos são suspeitos de intermediar propinas na compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000; na operação do navio sonda Vitoria 10.000 e na venda, pela Petrobras, da Transener para a empresa Eletroengenharia", disse o MPF.
Para realização dos pagamentos de propina de forma dissimulada, a dupla utilizava contas de empresas offshores na Suíça e nas Bahamas. Dessa forma, as prisões, ainda conforme o MPF, foram determinadas para assegurar que não fossem remetidas novas quantias para o Exterior e garantir que não os alvos não deixassem o país, já que possuem dupla nacionalidade.
O engenheiro Jorge Luz, 73 anos, é considerado por investigadores como "o operador dos operadores". Segundo a delação de Paulo Roberto Cost, Jorge começou a operar na Petrobras na época do governo de José Sarney (PMDB), em 1986. Pai e filho atuavam na Petrobras, pagando propina a integrantes da diretoria da estatal.
Entre os políticos com quem tinham relação estão o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Silas Rondeau, ex-ministro de Minas e Energia, afirmou Delcídio.
Jorge e o filho Bruno também foram citados por delatores como Fernando Baiano e Nestor Cerveró, que o apontou como o idealizador da ocupação da diretoria Internacional pelo PMDB. Segundo Cerveró, o lobista considerava que a diretoria seria "um bom filão" para a obtenção de recursos para as campanhas eleitorais do partido.
Os dois alvos são investigados sob suspeita de fraude à licitação, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Eles serão levados à para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba quando autorizados pelo juízo competente.
Nome da fase
Blackout é uma referência ao sobrenome de dois dos operadores financeiros do esquema criminoso existente no âmbito da empresa Petrobras. A simbologia do nome tem por objetivo demonstrar a interrupção definitiva da atuação destes investigados como representantes deste poderoso esquema de corrupção.