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Lava-Jato

Janot diz que eventual rescisão da delação da JBS não invalida provas 

Acordo de colaboração de Joesley Batista, um dos donos da JBS, embasou denúncia oferecida contra Temer 

Zero Hora

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou, na noite desta segunda-feira (4), que uma eventual rescisão do acordo de delação firmado entre o Ministério Público Federal (MPF) e executivos da JBS não vai invalidar provas obtidas com base nos depoimentos dos delatores da empresa. A Procuradoria-Geral da República (PGR) disse que vai investigar possível omissão de informação sobre prática de crimes no processo de negociação da delação.

– A provável rescisão e um acordo, se ocasionada pelo colaborador, não invalida nenhuma prova – salientou.

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Janot garantiu que a revisão do acordo não significa que alguma denúncia deixará de ser feita, fazendo referência a movimentos da PGR contra o presidente Michel Temer. Existe a expectativa de que o procurador ofereça nova denúncia contra o chefe do Executivo.

A delação da JBS, que vazou em 17 de maio, foi responsável pela maior crise enfrentada pelo governo Temer até o momento. Com base nela, Janot ofereceu denúncia por corrupção passiva contra o peemedebista – já rejeitada pela Câmara dos Deputados.

Informações citadas no acordo também serão usadas para embasar ao menos mais uma denúncia contra Temer. Na noite do dia 7 de março deste ano, Michel Temer recebeu Joesley Batista, um dos donos da JBS, para uma reunião noturna e fora da agenda oficial, no Palácio do Jaburu. Em um dos trechos da gravação, Joesley indica realizar pagamentos ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao corretor Lúcio Funaro para evitar que os dois assinassem um acordo de colaboração com a Lava Jato. Joesley diz que "zerou" as "pendências" que possuía com Cunha e passou a manter um bom relacionamento com o deputado cassado. Temer respondeu:

– Tem que manter isso, viu?

Joesley diz:

–Todo mês.

Delação em xeque

Novos áudios entregues pela JBS na semana passada revelaram indícios de crimes graves, segundo Janot, o que motivou a abertura de procedimento para investigar a delação. Um dos arquivos revelou conversa de quatro horas entre Joesley Batista, um dos donos da JBS, e Ricardo Saud, diretor da empresa. Conforme Janot, o conteúdo do diálogo é "muito grave", com supostos atos ilícitos cometidos no Supremo Tribunal Federal (STF) e na PGR.

A conversa, segundo o procurador, cita suposta irregularidade cometida pelo ex-procurador Marcello Miller, que trabalhou ao lado de Janot no MPF.

– Ao longo de três anos, Marcello Miller foi auxiliar do gabinete do procurador-geral, convocado por suas qualidades técnicas. Se descumpriu a lei no exercício de sua função, deverá pagar por isso. Não só ele e, repito, qualquer pessoa que tenha descumprido a lei deverá pagar sobre isso. Não há ninguém, ninguém que republicanamente esteja a salvo da aplicação da lei – afirmou.

O procurador-geral da República disse que enviará a petição revelando as descobertas nos áudios da JBS ao ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, ainda nesta segunda-feira (4).

*Zero Hora

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