A presidente Dilma Rousseff está devendo uma resposta convincente às manifestações do último domingo, que cobraram seu afastamento do governo. Os protestos repercutem fortemente nos meios políticos e motivam a oposição a gestos mais ousados, como a nota assinada ontem pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sugerindo renúncia ou pedido de desculpas à chefe do Executivo. O momento é de extrema delicadeza e requer bom senso para que a crise não se agrave ainda mais. Por isso, a manifestação presidencial é urgente - e espera-se que seja também convincente, para o bem do país.
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Num cenário já conturbado, preocupa particularmente o fato de que até mesmo o pacto da governabilidade, defendido por entidades empresariais influentes, e por meio do qual a presidente tenta assegurar algum fôlego, foi bombardeado pelas ruas. A esse aspecto, soma-se a estratégia de dirigentes de partidos oposicionistas se integrarem aos protestos em diferentes Estados. A pressão se amplia a partir de manifestações como a do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de que a primeira mandatária deve pedir desculpas ao país, por ter negado a crise durante a campanha eleitoral.
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O amadurecimento dos protestos e a unificação dos discursos deixam claro que a presidente da República precisa levar em conta o clamor das ruas. Se continuar ouvindo só os que a apoiam, muitos dos quais viraram alvo dos protestos, é improvável que consiga tirar o país desse imbróglio político e econômico, de consequências danosas para todos os brasileiros.