A eleição de um novo presidente renovaria a Câmara, abrindo caminho para a retomada de votações importantes.
A Câmara abandonou de vez o comprometimento com a ética e qualquer medo de desgaste junto ao eleitorado. Só isso ajuda a explicar a permanência do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no comando da Casa e com poder apesar das denúncias que surgem diariamente.
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Você já perguntou ao seu deputado, eleito com o seu voto, o que ele acha de um presidente com esse currículo? Pois quem caminha pelos corredores da Casa encontra parlamentares que não se envergonham em defender a permanência de Cunha. Uma frase já virou chavão:
- O que é que tem? Ele nem foi julgado ainda...
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Tem muito. Cunha foi flagrado na mentira, tem contas irregulares no Exterior, o dinheiro foi congelado pelo STF, há uma denúncia no Supremo e outro inquérito aberto. Com um mínimo de constrangimento, se afastaria. A eleição de um novo presidente renovaria a Câmara, abrindo caminho para a retomada de votações de fato importantes. Enquanto a pauta conservadora segue em ritmo alucinante, o r-que interessa fica em banho-maria. O Congresso precisa dizer, por exemplo, se será aprovada ou não a volta da CPMF. E, se não houver novo imposto, de onde virão os recursos para financiar o orçamento de 2016.
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O peemedebista também não cai porque tem na manga a abertura do impeachment de Dilma. Assim, faz jogo duplo com o Planalto e a oposição. Ao governo, convém que ele não tome nenhuma atitude. Mas também de nada adianta que o parlamento fique paralisado. Se o STF decidir que Cunha é réu, ele terá que ceder. E isso tudo não pode ficar para depois do Carnaval. Com inflação e desemprego batendo na porta, o país não tem tempo de esperar.
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