Luiz Antônio Araujo
Na Síria, já não se luta para esmagar o inimigo. Mata-se - de preferência, disparando de cima das nuvens - para garantir reserva no luxuoso hotel de Genebra onde será decidido, num futuro ainda incerto, o desenho do país no pós-guerra.
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Até agora, as conferências na plácida cidade suíça, apelidadas de Genebra I e Genebra II, fracassaram por falta de interesse do regime sírio, da oposição e das grandes potências. Genebra III poderá ser a primeira rodada de diálogo a fracassar por overbooking. Mesmo que as delegações não façam questão de quartos com vista para o lago, será difícil acomodar todos os interessados num só estabelecimento.
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Com a Rússia, o número de países que bombardeia o território sírio já chega a 13. Ironicamente, o fato de os russos dominarem o espaço aéreo do oeste da Síria servirá como estímulo para um possível acordo de cessar-fogo. É a primeira vez que jatos russos executam uma operação em escala tão larga no Mediterrâneo Oriental, e Turquia, Israel e Arábia Saudita não ganham nada com isso. É previsível que esses e outros países pressionarão pelo esfriamento dos ânimos.
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Os EUA, interessados em obter um acordo o mais amplo possível para frear o conflito, terão a vantagem de alcançá-lo sem se comprometer em excesso. Em Genebra III, a polêmica sobre a sobrevivência ou não do regime sírio será menos acirrada que a da extensão do intervalo das refeições.
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