Um ano depois da turbulenta eleição que deu o segundo mandato à presidente Dilma Rousseff, o eleitor brasileiro revela profunda aversão aos políticos que poderão disputar o Palácio do Planalto em 2018. Uma pesquisa do Ibope divulgada ontem pelo portal UOL mostra que nenhum dos possíveis candidatos empolga os eleitores. O campeão de rejeição é o ex-presidente Lula (PT), com 55%, paradoxalmente o que tem os melhores índices de intenção de voto (23%).
Os outros potenciais candidatos não têm o que comemorar. José Serra (PSDB) é rejeitado por 54% dos eleitores, Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) por 52%, o que deixa os quatro em situação de empate técnico, já que a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Metade dos eleitores respondeu que não votaria de jeito nenhum em Marina Silva (Rede) e 47% descartaram a possibilidade de escolher Aécio Neves (PSDB).
Realizada entre 17 e 21 de outubro, a pesquisa mede o potencial de voto nos possíveis candidatos, a partir da resposta à pergunta "qual frase descreve melhor sua opinião" sobre a pessoa. No enunciado "com certeza votaria", 23% apontaram Lula, 15% escolheram Aécio e 11%, Marina. Serra teve 8%, Alckmin, 7% e Ciro, 4%.
Como o eleitor poderia indicar mais de um candidato para cada hipótese, a soma dos índices ultrapassa 100%. Foram entrevistadas 2.002 pessoas maiores de 16 anos, ou seja, com idade para votar nas eleições, em 140 municípios.
A soma das respostas "com certeza votaria" e "poderia votar" mostra um empate técnico no potencial de voto entre Aécio (42%), Lula (41%) e Marina (39%). Serra e Alckmin têm potencial de voto na mesma faixa, com 32% e 30%, respectivamente. Ciro, que recém se filiou ao PDT, aparece com 20%.
O resultado da pesquisa não é bom para nenhum deles. Lula tinha 33% de preferência em maio de 2014, quando o Ibope fez as mesmas perguntas. Aécio e Marina, mesmo com toda a exposição na campanha passada e com o desgaste da presidente Dilma Rousseff, estão praticamente estacionados no patamar de maio de 2014: subiram apenas dois pontos cada um, o que, considerada a margem de erro, significa estagnação.
Os números de Marina podem ser explicados pela sua discrição: sem mandato, ela pouco se expõe. Aécio, ao contrário, é senador e um dos principais líderes da oposição. Dá entrevistas quase diárias e trabalha abertamente pelo impeachment de Dilma. No primeiro turno da eleição passada, Aécio fez 33,55% dos votos válidos e Marina, 21,32%. No segundo, Aécio chegou a 48,36%.