A nação está frente a uma escolha histórica: seguir construindo o caminho da nossa jovem democracia, respeitando as urnas, ou interrompê-lo de forma traumática e cassar uma presidenta legitimamente eleita por 54 milhões de brasileiros, e que não cometeu nenhum crime.
A abertura do processo de impeachment/golpe assinado pelo presidente da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha, carece de legitimidade e não contém uma única acusação fundamentada contra a presidenta Dilma Rousseff. A primeira pergunta que devemos fazer então é: como um deputado denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com contas comprovadas no Exterior e patrimônio não declarado, pode ter autoridade moral e legitimidade política para conduzir um processo de impeachment que abre as portas para um golpe institucional?
O presidente da Câmara, como é de notório conhecimento, amplamente divulgado pela imprensa, em diferentes momentos tem realizado todo tipo de chantagem para manter seu mandato parlamentar e o foro privilegiado.
Poucas horas após saber que a bancada do PT votaria a favor do processo da Comissão de Ética, que provavelmente culminará com a cassação do seu mandato, em um ato de vingança, assinou o pedido de impeachment contra Dilma.
Estranhamente, contou com o apoio de parte da oposição, que até há pouco afirmava que pediria o afastamento do presidente da Câmara e agora silencia sobre as denúncias e provas que pesam contra ele, flertando com o golpismo e alimentando a intolerância e o ódio na política.
O deputado Eduardo Cunha quer passar de denunciado por corrupção a líder do impeachment/golpe contra a presidenta. Aposta em uma guerra continuada de longo prazo, na política do quanto pior, melhor, com enormes prejuízos para a população brasileira, paralisando a economia nacional, programas sociais e votações importantes para o país.
Agora é a hora de todos aqueles que defendem a democracia reagirem à tentativa de golpe e, ao mesmo tempo, exercerem seus papéis no enfrentamento à corrupção e na busca de soluções para o Brasil.