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A concentração mensal de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera superou pela primeira vez, em abril, a marca de 400 partes por milhão (ppm) no hemisfério norte. De acordo com a ONU, o número tem significado simbólico para os cientistas, reforçando evidências de que a queima de combustíveis fósseis e outras atividades humanas são responsáveis pelo crescente aquecimento do planeta, envolto por gases causadores do efeito estufa.
Todas as estações de monitoramento da Organização Meteorológica Mundial (OMM) registraram recordes de concentração atmosférica de CO2 no início da primavera do hemisfério norte, antes de o crescimento da vegetação absorver o dióxido de carbono. A OMM estima que a média global deve superar o mesmo limite entre 2015 e 2017.
- Isso deve servir como mais um sinal vermelho em relação aos níveis crescentes de gases causadores do efeito estufa, que impulsionam as mudanças climáticas. Se quisermos preservar o nosso planeta para gerações futuras, precisamos de ações urgentes para reprimir novas emissões desses gases. O tempo está se esgotando - disse o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud.
O CO2 permanece na atmosfera por centenas de anos, e a sua vida nos oceanos é ainda mais longeva. Entre os gases causadores do efeito estufa emitidos pela atividade humana, é o mais importante, respondendo por 85% do aquecimento do clima na década de 2002-2012, estima a ONU.
A média identificada pela OMM em 2012 havia chegado em 393,1 partes por milhão, ou 141% do nível pré-industrial de 278 ppm. Nos últimos 10 anos, o índice vem registrando crescimento anual médio de 2 ppm. Desde 2012, todas as estações localizadas no Ártico, seja nos Estados Unidos, na Noruega ou na Finlândia, já retornavam médias mensais superiores a 400 ppm. A tendência se espalhou para latitudes menores, como as de Cabo Verde, Alemanha, Irlanda, Japão, Espanha e Suíça.
O hemisfério norte soma mais emissões humanas de CO2 que o sul. Os registros de CO2 na atmosfera encontram o seu ponto mínimo no verão, quando há mais vegetação. A OMM também monitora a quantidade de gases como o metano e o óxido nitroso em mais de 50 países. As estações ficam em localizações não poluídas, como os Alpes, os Andes e os Himalaias, bem como o Ártico, a Antártica e o Pacífico Sul.