Pescadores cortam fêmea que gestava um filhote - Foto: Ampa/Divulgação
Foto: Ampa/Divulgação

Após pressão de organizações de proteção ambiental em defesa do boto-cor-de-rosa (boto-vermelho), o governo federal publicou uma medida proibindo a pesca da piracatinga - uma espécie de bagre carnívoro - em todo o território nacional a partir de 2015.
Mas o que o boto tem a ver com a piracatinga? O maior golfinho de água doce, um animal protegido por lei desde 1987, está sendo vítima de pescadores ilegais que matam esta espécie característica da Amazônia para usá-la como isca. Os peixes são atraídos pela banha dos botos.
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Primeiro, eles são atacados com golpes de arpão e mantidos embaixo d'água, até que morrem afogados. Depois de cortados em pedaços, são usados para atrair cardumes do peixe que, de espécie para consumo local, está parando nas gôndolas de supermercados do país com o codinome de douradinha. Apreciada na Colômbia, também é exportada de forma ilegal.

Quem tomou a frente na campanha que pressionou o governo a tomar uma atitude em relação à matança foi a Associação dos Amigos do Peixe-boi (Ampa), criada há 14 anos para promover a proteção dos mamíferos aquáticos da Amazônia. Além dos botos, jacarés também são usados como isca.
A moratória do governo federal, no entanto, ainda ampara a pesca de subsistência. Pescadores podem capturar até cinco quilos de piracatinga, por dia, para consumo.
A medida ainda não é suficiente, segundo a Ampa. Ainda restam cerca de cinco meses até o final do ano, período em que a pesca ilegal deve continuar sem fiscalização. Por isso, o grupo investe na divulgação da causa. Recentemente, em uma ação na praia da Ponta Negra, em Manaus, um enorme boto inflável de 12 metros de comprimento chamava a atenção para a situação. Segundo a entidade, cerca de 2,5 mil botos são mortos por ano.

A Ampa arrecada assinaturas para uma petição online, que já conta com mais de 35 mil participações até o momento, e que será entregue em Brasília. Clique aqui caso queira participar.