Caiuajara dobruskii. Este é o nome da nova espécie de pterossauro descoberta em Cruzeiro do Oeste, no Paraná, apresentada nesta quinta-feira em coletiva na Universidade do Contestado (UNC), de Mafra, Santa Catarina.
A nomenclatura é uma referência à pedra típica do local, o arenito caiuá, e uma homenagem aos desbravadores da região, pai e filho da família Dobruski, que moravam em um sítio na estrada dos 600 alqueires quando descobriram os fósseis na década de 1970.
O sacrifício de uma égua da família levou às primeiras escavações no sítio onde moravam. O animal caiu na subida da estrada, quebrou os dentes, não tinha como se alimentar e teve que ser sacrificado. Munidos de picaretas, o pai Alexandre Gustavo e o filho João Gustavo queriam melhorar a estrada por onde animais puxavam as carroças.
Era 1971. Eles queriam apenas melhorar a estrada, que tinha uma pedra no meio da subida. A pedra ficava umedecida e escorregadia por causa da água que descia do morro. Pai e filho com as picaretas fizeram valetas nas laterais da "lombada" para drenar os fluídos.
Às primeira picaretadas, foram reveladas pedras diferentes, com ossos dentro.
- Meu pai nunca foi à escola, mas lia muito e logo percebeu que eram fósseis -, contou João
- Quando dava uma chuva forte, a pedra branqueava de osso.
Ninguém deu crédito à família. Pai e filho chegaram a ouvir que eram ossos de galinhas devoradas por índios. Entre 1975 e 1980, eles procuraram respostas. Queriam saber "que bicho era aquele". Ninguém soube responder e os fósseis foram levados para uma gaveta na UEPG.
A partir Da ossada, pesquisadores reproduziram o desenho dos pterossauros
Em 2011, o pesquisador Paulo Manzig buscava materiais para o seu livro "museus e fósseis da região Sul do Brasil". Foi ele quem abriu a gaveta e em segundos identificou:
- Tinha nas mãos um crânio de um filhote de pterossauro.
A abertura da gaveta escancarou as possibilidades de pesquisa sobre os répteis alados, extintos há 65milhões de anos. O cenpálio da UNC passou a liderar as pesquisas, em parceria com o museu nacional do Rio de Janeiro/UFRJ.
Os pesquisador da UNC, Luiz Carlos Weinschütz, afirma que a descoberta do sítio permitiu a compreensão do crescimento da espécie.
O especialista em pterodátilos da UFRJ, Alexandre Kellner, sonhava em encontrar uma aglomeração de fósseis como esta, do Paraná. Foi ele quem identificou que se tratava de uma espécie nova. Quarenta e sete exemplares foram encontrados primeiramente, depois mais dez.
Kellner acredita que há muito mais para descobrir sobre esses répteis frutívoros (que se alimentam de frutas, não como as que conhecemos hoje, e vegetais), que sobreviviam em áreas desérticas.
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