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Sucesso nas bilheterias, com arrecadação de quase US$ 1 bilhão, o filme Vingadores: A Era de Ultron reúne novamente os heróis da Marvel para lutar contra uma inteligência artificial dedicada a destruir a vida orgânica na Terra.
Ultron vem se juntar a uma longa linhagem na ficção, que inclui a Skynet da série O Exterminador do Futuro. Criada no fim do século 20, a Skynet decide, em seus primeiros momentos de consciência, que a humanidade deve ser dizimada em um holocausto nuclear.
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Nem todos os personagens do gênero representam visões tão pessimistas. Isaac Asimov, verdadeiro padrinho da robótica na ficção científica, postulou, no clássico Eu, Robô, a criação de inteligências artificiais construídas com um sistema ético inviolável gravado em seus "cérebros positrônicos". As Três Leis da Robótica determinam que um robô não deve ferir um ser humano; não deve permitir, por inação, que um ser humano seja ferido; deve zelar por sua autopreservação, contanto que isso não entre em conflito com as diretrizes anteriores.
Publicadas em 1950, hoje são usadas em projetos de desenvolvimento de inteligência artificial no mundo "real". Na adaptação cinematográfica de Eu, Robô, dirigida em 2004 por Alex Proyas e estrelada por Will Smith, sobra pouca coisa do material original, mas as três leis estão lá. Para poder respeitar plenamente a segunda lei, a de não permitir que um humano fira outro, os robôs decidem tomar o poder e tutelar seus "mestres".
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Em outras obras, máquinas pensantes buscam o que a inteligência humana vem tentando há séculos: entender seu papel no mundo e o sentido de sua existência. Um exemplo são os androides de Blade Runner, o filme de Ridley Scott que adapta o romance de Philip K. Dick. Os Replicantes, humanoides artificiais desenvolvidos para o trabalho em planetas de ambiente hostil à humanidade, buscam seu criador ao perceber que o "tempo de validade" está expirando. Querem o mesmo que muitos humanos nas mesmas condições: mais tempo de vida.
Nas pesquisas do "mundo real", durante muito tempo, o foco foi replicar funções humanas: tomada de decisões por padrões de reconhecimento de voz, cérebros eletrônicos cujo funcionamento inspira-se na matemática dos neurônios, troca de informações por meio de sinapses. A última década viu avanços com exemplos mais concretos, como carros com direção totalmente automatizada, softwares de tradução simultânea, programas de interação homem-máquina.
Em junho de 2014, um computador simulando uma criança chamada Eugene Goostman conseguiu passar pela primeira vez no teste de inteligência artificial postulado pelo pioneiro da computação Alan Turing: convenceu 33% das pessoas com quem interagiu de que se tratava de um humano.
Programas de inteligência artificial, embora eficientes, ainda têm como fraqueza a inabilidade para o improviso, e por isso as grandes iniciativas na área atualmente são voltadas à criação de robôs com "habilidades sociais". No clássico 2001, a tendência das máquinas à literalidade acaba por vitimar não apenas uma Inteligência artificial avançada, o HAL-9000, como boa parte da tripulação da nave exploratória Discovery. Hal deve, ao mesmo tempo, obedecer à tripulação mas manter oculto o real significado da missão. As duas diretrizes, em conflito, levam HAL a decidir eliminar a tripulação humana, para não precisar mais mentir.
No livro Superintelligence, publicado em setembro do ano passado, o sueco Nick Bostrom entrevistou 170 especialistas do ramo. Na média, a estimativa arriscada por eles é de que até 2050 surja uma inteligência sintética capaz de assumir a maior parte das atividades humanas. De acordo com a definição de Bostrom, a "Superinteligência" teria uma habilidade que a humanidade tem, na comparação com os outros animais: a de aprimorar a si mesma.
Stephen Hawking, o mais famoso físico do mundo, previu, também no ano passado, que o surgimento da máquina pensante seria o evento mais assombroso da história humana. Mas poderia também ser o último.
- As máquinas avançariam por conta própria e se reprojetariam em ritmo sempre crescente. Os humanos, limitados pela evolução biológica lenta, não conseguiriam competir e seriam desbancados - disse à BBC.