
Quatro horas após manter uma criança de seis anos como refém, o criminoso Paulo César dos Santos Vieira, que cumpre pena por homicídio e fugiu da cadeia, liberou a menina. A mãe, Rita Ramos, de 35 anos, segue refém do sequestro que já mais de 13 horas em Charqueadas.
Por volta das 15h40min desta terça-feira, a criança foi entregue a um policial pela janela do casebre de madeira. A troca se deu, segundo a Brigada Militar, por três cigarros, três palitos de fósforo e água gelada.
Leia mais:
Mulher e filha são feitas reféns por foragido do semiaberto em Charqueadas
Polícia identifica suspeitos e deve finalizar inquérito sobre morte na rodoviária
O criminoso, que é foragido da Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), está pedindo transferência para outra unidade prisional, uma vez que estaria devendo R$ 30 mil para integrantes de uma facção que atua na PEJ. Mais de 10 viaturas trabalham no local, que está isolado.
"Acaba logo essa agonia"
– Queria estar no lugar dela – disse Elianai da Silveira Peixoto, marido de Rita. Ele acredita que a tranquilidade da mulher deve ter ajudado na negociação para entregar a filha.
Pegar a menina no colo foi um alívio para o pai que estava ansioso na área de isolamento montada pela polícia. Quando recebeu a notícia de que a família estava sendo mantida em cárcere privado, por volta de 11h30min, chegou em casa desesperado e precisou ser contigo para não atrapalhar as negociações. Depois de muitas horas de ansiedade, se acalmou.
– Agora, só espero que ele solte a minha mulher e siga o caminho dele – desabafou.
A mãe da Rita é vizinha dela e estava em casa quando a filha e a neta foram rendidas. Rosa Maria Silva Ramos, 61 anos, havia acabado de convidar a filha para almoçar quando ouviu os gritos.
– Eu não o vi, só ouvi a Rita gritando que era um assalto. Tentei entrar na casa, mas ele já tinha trancado a porta – contou Rosa.
O foragido do sistema prisional montou uma trincheira na porta da casa com botijão de gás e móveis para evitar a invasão de policiais. Paulo Cesar, que tem passagens por furto, roubo e homicídio, passou a tarde negociando com os policiais pelo celular, enquanto se comunicava com uma terceira pessoa em outro telefone. Até às 17h30min desta terça, ele não havia esclarecido ao certo o que queria. Apenas revelou que está devendo R$ 30 mil dentro da cadeia para algum desafeto e havia sido ameaçado de morte.
A única exigência que fez foi o pedido de transferência para outra unidade prisional. Ansiosos, os parentes choram e não tiram os olhos da movimentação dos policiais. O marido coloca as mãos na cabeça e pede a Deus:
– Acaba logo com essa agonia.
*ZERO HORA