
O governo federal determinou nesta segunda-feira o envio de tropas federais a Vitória, a capital do Espírito Santo, onde se multiplicam os saques, as agressões e as mortes violentas desde o início de uma greve policial no fim de semana.
A decisão atende a um pedido das autoridades daquele Estado de 3,6 milhões de habitantes, "diante da grave situação para a segurança pública com a paralisação dos policiais militares", informou o Ministério da Defesa em um comunicado.
Uma porta-voz do governo disse à agência de notícias AFP que é esperada a chegada de 200 homens da Força Nacional, procedentes de Brasília e do Rio de Janeiro.
Leia mais:
Forças Armadas já estão em Vitória para reforçar policiamento
#ESpedesocorro: a barbárie no Espírito Santo exposta nas redes sociais
Região Metropolitana tem média de seis assassinatos por dia em janeiro
De acordo com o Sindicato da Polícia Civil do Espírito Santo, já havia 51 mortos desde o início dos protestos no sábado. As autoridades não entregaram um balanço oficial.
Em Vitória e na Região Metropolitana foi adiado o início do ano letivo, que estava previsto para esta segunda-feira. Também foi determinado o fechamento provisório das unidades de atendimento de saúde e dos parques públicos. As atividades continuarão suspensas nesta terça-feira.
– Há uma situação de gravidade. Praticamente não se tem Polícia Militar nas ruas – declarou o ministro da Defesa, Raul Jungmann.
A mobilização começou na noite de sábado, quando familiares dos PMs bloquearam a saída dos quarteis pedindo melhores condições de trabalho para os policiais, que não têm direito a se manifestar.
A falta de patrulhas na cidade provocou um aumento significativo de assaltos, atos de vandalismo como queima de ônibus e assassinatos. Imagens exibidas na TV Globo mostraram ataques a pedestres, saques a lojas e tiroteios em diferentes partes da cidade.
As autoridades anunciaram que vão se empenhar para "resolver os crimes contra a vida e o patrimônio destes últimos dias", sem fornecer mais detalhes.
O governo estadual anunciou, ainda, uma troca de comando na PM e encarregou o novo chefe, coronel Newton Rodrigues, a "restabelecer a ordem e a disciplina e continuar conversando com os policiais para garantir a vigilância pública".
Parentes dos policiais pedem reajustes salariais e compensações diversas. O secretário de Segurança do Espírito Santo, André Garcia, considerou que "não é razoável" exigir aumentos em um momento em que o Brasil está mergulhado em uma recessão e "muitos estados estão à margem da falência".
No mês passado, o governo enviou militares para patrulhar as ruas de Natal, capital do Rio Grande do Norte, diante de uma série de ataques relacionados com uma guerra entre cartéis da droga que deixou 26 mortos, muitos deles decapitados, no presídio de Alcaçuz.