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Durou pouco menos de 10 minutos o período entre a chegada da equipe do Samu ao Hospital de Alvorada – já com a mãe sem vida – e a finalização da cesárea que salvou a vida do bebê de 3 quilos e 700 gramas cuja mãe havia morrido minutos antes. Mariana Freitas Rodrigues, 17 anos, foi assassinada na frente de casa no bairro Jardim Alvorada, com uma tiro na cabeça.
A coordenadora do serviço de obstetrícia do hospital, Juliana Caran, explica que a agilidade da equipe do Samu foi fundamental para garantir o sucesso do procedimento, que se encerrou por volta das 21h30min desta quinta-feira:
– O Samu já chegou com a informação de que a paciente estava morta, mas o bebê tinha batimentos. Quase que milagrosamente a equipe se posicionou no bloco e fizemos a cesárea muito rapidamente – relata.
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Janine Cavagnolli, uma das três obstetras que estavam de plantão e que participou do procedimento, conta que tudo ocorreu de forma muito rápida, embora a equipe não tivesse nenhuma informação do pré-natal da paciente:
– Era como se nossa equipe tivesse treinado cem vezes para isso, todo mundo trabalhou tecnicamente. Pela conjuntura das coisas, a velocidade e a sintonia com que tudo aconteceu, a maneira como tudo funcionou tão perfeitamente, a gente pode chamar isso de um milagre. Mas todo mundo fez o trabalho que está preparado para fazer – afirma ela.
A menina nasceu saudável embora tenha sofrido com a falta de oxigênio a partir do momento que a mãe morre. Segundo a médica, a bebê recebeu atendimento e está se recuperando.
– O coração da mãe manda sangue para o bebê e quando ele para, o bebê sente isso. Mas ela teve uma capacidade de reação muito boa, mesmo assim teremos de observar o comportamento dela daqui para frente.
Não se descarta a possibilidade de sequelas futuras em função de a criança ter ficado alguns minutos sem receber oxigênio, mas quanto a isso, Janine é otimista:
– A gente espera que não, mas só teremos certeza com o passar do tempo.
Para a médica, o procedimento em si não é o mais difícil. A missão mais árdua foi contar para a família, que chegou ao hospital com a esperança de assistir ao parto, sem saber que a adolescente havia sido baleada e que estava morta.
– Eles tinham a informação de que a menina tinha sido levada para o hospital para fazer o parto, não sabiam que ela tinha levado um tiro. Foi muito triste contar isso a eles.