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Menos de uma hora após o fim do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou seu afastamento do mandato como deputado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) concedeu entrevista a jornalistas em frente à residência oficial da Câmara. Cunha ressaltou que "respeita a Suprema Corte do país" e que "obviamente a decisão tem que ser cumprida", mas disse "contestar e estranhar" a medida.
– Os fatos que são elencados (11 motivos apontados por Rodrigo Janot para o pedido afastamento de Cunha da Câmara) e assimilados pelo relator são fatos absolutamente contestáveis e o mérito de cada ponto não foi devidamente debatido (pelos ministros) – declarou o deputado – Há pontos a serem contestados com muita veemência.
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Cunha questionou, ainda, a demora para a análise da ação, que foi protocolada em dezembro pela PGR, e analisada quase seis meses depois. E por outro lado a rapidez com que o mérito foi julgado pelo plenário do STF, já que a cautelar foi aceita na manhã desta quinta-feira pelo ministro Teori Zavascki e votada à tarde.
– Não houve tempo para que se pudesse o devido contraditório – sustentou.
Segundo o peemedebista, a votação neste momento é uma "reação mais do que esperada":
– Estou sofrendo e vou sofrer retaliação política pelo processo de impeachment – afirmou. – Mas vai acabar na quarta que vem se for da vontade de Deus – disse ele, referindo-se à provável votação do afastamento de Dilma no plenário do Senado.
Como é de costume, Cunha alfinetou o governo.
– O PT gosta de companhia o banco dos réus – disse ele, rebatendo emc seguida as declarações da presidente Dilma desta quinta-feira. – Na quarta-feira que vem, vamos poder dizer 'antes tarde do que nunca'.
O deputado ressaltou, ainda, que não existe possibilidade de renunciar ao mandato ou à presidência da Câmara, e que vai usar todos os recursos cabíveis para reverter a decisão do STF.