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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista ao canal russo RT em espanhol, que o governo do presidente em exercício, Michel Temer, "deveria se comportar como interino", argumentando que o Senado pode ainda mudar de ideia e a presidente Dilma Rousseff voltar ao poder.
Na entrevista disponível no site do canal, Lula criticou o fato de o governo Temer – que na avaliação dele não tem legitimidade – realizar mudanças nesse período em que o afastamento de Dilma não está confirmado.
– E se daqui a três meses a Dilma conquista a vitória no Senado, terá que refazer tudo, um país não pode suportar isso – avaliou. – O governo interino está atuando com muita falta de respeito àquilo que o Senado lhe deu: uma interinidade.
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Lula qualificou o processo de afastamento de Dilma como um "estupro contra a democracia brasileira". Segundo ele, seu desconforto no dia do afastamento ocorreu não apenas porque a presidente deixava o poder de forma abrupta, mas a interrupção de "todo um projeto, de sonhos, de inclusão social". Na entrevista, Lula defendeu seu legado de aumento da classe média e retirada de milhões da miséria.
O ex-presidente disse que, caso houvesse um acordo geral, seria possível convocar eleições gerais e também uma assembleia para realizar uma reforma política, mas rechaçou a administração de Temer.
– Não se pode conformar é que, em pleno século 21, tenhamos um governo ilegítimo.
Lula diz na entrevista que o Brasil "tem uma democracia muito recente, de apenas 31 anos", mas que "para os conservadores parece que era muito tempo". Ele criticou o impacto desse fato para a imagem do país. Segundo o petista, há muitos brasileiros dispostos a ir às ruas, como "artistas", "intelectuais", "sindicalistas", "os negros".
O ex-presidente disse que Dilma foi vítima de "um boicote dos meios de comunicação e de empresários que não pagaram seus impostos para diminuir a arrecadação do governo". Lula também fez um mea culpa, ao dizer que é preciso "admitir nossos erros", porque a presidente foi eleita com um discurso, mas depois da vitória "não fizemos o que dissemos". Segundo ele, Dilma é consciente de que "terá de mudar muitas coisas para governar com o apoio da maioria do povo brasileiro".
*Estadão Conteúdo