
O presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reafirmou, na manhã desta quinta-feira, a confiança de que não será cassado de suas atividades parlamentares. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o peemedebista disse novamente que é alvo de um "revanchismo" de natureza política, motivado pela abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
– Eu não vou ser cassado. Não passa pela minha cabeça. Eu não tenho nem que me preocupar com isso – comentou.
Na quarta-feira, após quatro horas de sessão no Conselho de Ética da Câmara, o relator do processo contra Cunha, Marcos Rogério (DEM-RO), concluiu a leitura de seu texto, com voto pela cassação do deputado. No documento, o democrata menciona que o peemedebista mentiu à CPI da Petrobras ao afirmar que não mantinha contas no Exterior.
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Durante a entrevista desta quinta-feira, Cunha apontou que o relatório apresenta "uma série de nulidades". Também ressaltou que, se o critério para cassar parlamentares for "responder a inquérito", um terço da Câmara terá que deixar a Casa. Além disso, o peemedebista declarou que a titularidade das contas no Exterior está relacionada a um trust (estrutura organizada para administrar bens, dinheiro e ações em outros países, gerido por um terceiro).
– Eu não detenho a propriedade (...). Eu deixei de ser o proprietário (...). A doação do patrimônio é feita ao trust – argumentou.
Ouça a entrevista à Rádio Gaúcha:
Cunha ainda criticou as razões que levaram o Supremo Tribunal Federal (STF) a determinar o seu afastamento em 5 de maio. À época, o ministro do STF Teori Zavascki atendeu à ação do procurador-Geral da República Rodrigo Janot, que listou 11 motivos para defender a medida contra o peemedebista.
– São circunstâncias factuais. A natureza foi política. Não tenho dúvida de que, terminado o processo no Conselho de Ética (...), vou pedir a reconsideração da situação no pleno do Supremo – acrescentou.
"Sem manobras e influência sobre o governo"
O presidente afastado da Câmara negou que, enquanto esteve à frente da Casa, tenha utilizado o regimento interno para favorecer as suas posições políticas e a estratégia de defesa no Conselho de Ética. Atribuir a ele essa postura, afirmou, significa uma "fraude de informações".
Ao final da entrevista desta quinta, Cunha foi perguntado sobre os ataques de que foi alvo durante a votação do impeachment de Dilma na Câmara, em abril. Na ocasião, parlamentares o chamaram, por exemplo, de "gângster", "ladrão" e "inquisidor". Ao lembrar a situação, o peemedebista disse que entrará com queixa-crime contra os parlamentares.
Além disso, sublinhou que não teve influência sobre as decisões da gestão do presidente interino Michel Temer. Afirmou não ter nomeado "um alfinete" e garantiu que a escolha de André Moura (PSC-SE) para a liderança do governo na Câmara não passou por ele.
– É balela – classificou.