Política

Operação Lava-Jato

Janot nega que PGR tenha vazado pedidos de prisão da cúpula do PMDB

Procurador-geral da República disse ainda que não tem pretensão de ser candidato "a qualquer cargo eletivo" após deixar o posto

Estadão Conteúdo

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot

Em pronunciamento durante um evento em Brasília que reuniu integrantes do Ministério Público nesta sexta-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, negou que o órgão tenha sido responsável por vazamentos da Operação Lava-Jato, rebateu críticas e disse que não tem pretensão de sair candidato após deixar o cargo. Em um discurso forte e inesperado, ele deu recados claros a adversários e afirmou que ninguém está acima da lei.

Janot fez menção direta à divulgação recente dos pedidos de prisão contra quatro dos principais nomes do PMDB e chamou de "levianas" as acusações de que o vazamento teria saído da própria Procuradoria-Geral da República (PGR) como forma de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a mandar prender os políticos. Ele apontou que a teoria foi disseminada por "figuras de expressão nacional, que deveriam guardar imparcialidade e manter o decoro".

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– O vazamento não foi da PGR. Aliás, envidarei todos os esforços que estiverem ao meu alcance para descobrir e punir quem cometeu esse crime. Como hipótese investigativa inicial, vale a pergunta: A quem esse vazamento beneficiou? Ao Ministério Público não foi – disse.

Sem citar nomes, o ministro do STF Gilmar Mendes, nesta semana, criticou os vazamentos, disse que o caso trata-se de uma "brincadeira" com a Suprema Corte e "abuso de autoridade", insinuando que as informações teriam sido divulgadas pela PGR.

Em resposta às críticas de que dá prioridade a inquéritos contra políticos específicos e se concentra em investigar membros de determinados partidos em detrimento de outros, Janot disse que não faz distinção entre os investigados.

– Jamais permiti que preferências pessoais ou partidárias se homiziassem nas atividades profissionais – afirmou. – Nunca terei transgressores preferidos, como bem demonstra o leque sortido de autoridades investigadas e processadas por minha iniciativa perante a Suprema Corte. Da esquerda à direita; do anônimo às mais poderosas autoridades, ninguém, ninguém mesmo, estará acima da lei, no que depender do Ministério Público – completou.

Justiceiro

O procurador-geral da República disse cumprir com o dever estrito da função que exerce e que não hesitará em investigar, processar e buscar a punição de corruptos, sem, no entanto, se desviar da lei.

– Ser Ministério Público não é ser justiceiro. Rechaço enfaticamente a possibilidade de agir motivado por objetivo que não seja o cumprimento isento da missão constitucional que me cabe desempenhar como membro do Ministério Público.

Janot também fez um balanço sobre o trabalho no MP, destacou as dificuldades para chegar até o cargo e afirmou que nunca buscou ser unanimidade na vida pública.

– Nunca esperei que, nesse árduo trabalho, fosse possível ao Ministério Público passar incólume a críticas, nem que me fosse dado pairar sobranceiro aos interesses de fortes estruturas que parasitam o Estado e se beneficiam há décadas da usurpação do patrimônio de todos.

Janot também rebateu as especulações de que as medidas que estava tomando à frente da Procuradoria-Geral da República teriam como objetivo cacifá-lo para concorrer à Presidência em 2018. Ele afirmou que vai se aposentar assim que terminar deixar o cargo, em 1 ano e quatro meses.

– Reafirmo, aqui, que não serei candidato a qualquer cargo eletivo seja no Executivo, seja no Legislativo – disse.

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*Estadão Conteúdo

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