
Prestes a completar um mês como presidente interino, Michel Temer (PMDB) falou ao jornal Folha de S. Paulo sobre as dificuldades que tem enfrentado:
– É uma guerra, tem sido uma guerra – declarou.
Empossado em 12 de maio, Temer teve que lidar, desde então, com a perda de dois ministros, decisões polêmicas e também uma situação econômica em estado pior do que projetava. Entretanto, ele avalia como positivo o início de seu mandato interino.
– Apesar de todas as turbulências, críticas e pressões, foi um mês de sucesso – afirmou o peemedebista na quinta-feira, ao jornal.
Leia mais:
Um mês da guerra entre Dilma e Temer pelo comando do Brasil
Temer passa o final de semana em São Paulo, onde recebe visitas
"Quanto mais me provocam, mais corro o risco de ser candidato", diz Lula
Temer também destacou o que considerou como "saldo positivo" de seu comando, como as medidas aprovadas no Congresso que "Dilma não conseguia" e a aprovação do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.
– Restabelecemos a interlocução com o Congresso, votamos projetos com ampla maioria e estamos retomando a confiança no país, não é pouca coisa para um começo de governo – afirmou.
Quanto às críticas que recebeu pela ausência de mulheres em sua composição ministerial e o envolvimento de ministros na Lava-Jato, o presidente interino alegou apenas que montou "um time de primeira grandeza na área econômica", citando Henrique Meirelles (Fazenda), Pedro Parente (Petrobras), Maria Silvia Bastos Marques (BNDES) e Goldfajn.
Temer disse que, caso não fique no governo, o país estará "salvo". Sobre um possível retorno de Dilma Rousseff, hoje afastada da presidência, ele foi enfático:
– Eu não tenho feito nenhum gesto contra ela. Respeito quem passou.
Provocado pela reportagem a citar sua maior surpresa negativa no primeiro mês de governo, ele citou que foi a situação fiscal do país – deixando de apontar as demissões e polêmicas que sucederam o vazamento de áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
– Foi surpreendente, de forma negativa, o que encontramos aqui. As contas muito piores do imaginávamos, a Petrobras quebrada, os Correios quebrados, a Eletrobras quebrada. E eles ainda ficam numa campanha agressiva contra mim – disse.
Proposta de plebiscito
Sobre a tese de plebiscito para convocar novas eleições, defendida por Dilma como estratégia para tentar ganhar o julgamento do impeachment no Senado, Temer, antes de tudo, lembra:
– Primeiro, eu preciso renunciar – argumenta. – Depois, digo com toda tranquilidade, temos tido mais de 300 votos, às vezes mais de 340 na Câmara. Isto reflete confiança neste governo. Nossas vitórias no Congresso mostram que não tem espaço para a Dilma voltar.