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O coordenador da corrente petista Construindo um Novo Brasil (CNB), Francisco Rocha, fez nesta segunda-feira um apelo para que a bancada do PT não apoie a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara. O movimento de proximidade do PT com Maia tem provocado protestos dos militantes, que começaram a pressionar os deputados e, ao que tudo indica, o partido terá de recuar nessa articulação.
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Na avaliação de Rochinha, como é conhecido o dirigente petista, está claro que o Centrão – grupo que abriga 13 partidos e integra a base aliada do governo de Michel Temer – vai emplacar de qualquer forma um "pau mandado" de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no comando da Câmara.
O PT continua rachado sobre o rumo a seguir na sucessão de Cunha, que, alvejado pela Operação Lava-Jato, renunciou à presidência da Câmara para tentar salvar o seu mandato. Com aval de Lula, a ala majoritária do PT fez vários acenos para apoiar Maia, em parceria com o PCdoB e o PDT, a fim de dividir a base aliada de Temer na Câmara.
O deputado do DEM, entusiasta do impeachment da presidente Dilma Rousseff, também integra a base de sustentação do governo Temer, mas não faz parte do Centrão. A eleição na Câmara está marcada para a próxima quarta-feira.
– No momento em que se articulam vários nomes da base do governo interino de Michel Temer para disputar a presidência da Câmara no lugar de Eduardo Cunha, nota-se claramente que o governo não tem unidade em torno do nome – escreveu Rochinha, no Facebook e no twitter.
Embora coordene a CNB, a tendência de Lula, Rochinha mostrou-se surpreso com informações de que o PT negocia adesão à candidatura de Maia e disse estar recebendo várias mensagens contrárias a essa iniciativa.
– Faço um apelo aos deputados e deputadas do meu partido, o PT, especialmente da CNB (Construindo um Novo Brasil) para que reflitam profundamente antes de tomar uma posição. De antemão peço-lhes que não votem na candidatura do deputado Rodrigo Maia – insistiu o dirigente.
Integrantes da corrente Mensagem ao Partido, liderada pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, querem, por sua vez, avalizar a candidatura do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), que foi ministro da Saúde de Dilma e votou contra o impeachment.
Uma ala do PT também tem simpatia por Fernando Giacobo (PR-PR), interessada na segunda vice-presidência da Câmara, cargo hoje ocupado por ele. Giacobo é considerado o candidato do "baixo clero", grupo de deputados com pouca expressão política.
A estratégia dos petistas está sendo planejada para quebrar a hegemonia do Centrão, bloco que tem o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF) - próximo a Cunha – como favorito na disputa.
Em carta aberta a deputados da corrente Mensagem ao Partido, enviada no domingo Tarso Genro criticou as articulações para sustentar a candidatura de Maia, sob o argumento de que isso pode significar "um novo capítulo de destruição do PT", que está a um passo de perder a Presidência da República.
"O fato de estarmos na defensiva, nos dias que correm, não nos 'relaxa' para tolerar alianças com inimigos históricos do pensamento democrático. (...) Não troquem a dignidade de uma solidão com futuro pela falsa alegria dos vencedores sem propósito", argumentou Tarso na carta aos correligionários.
*Estadão Conteúdo