Política

"Vítima de um processo político"

Defesa de Lula vai apresentar novas "provas" à ONU

Advogados vão embasar a queixa formal apresentada ao órgão com denúncia de abuso de poder da Justiça brasileira contra o petista no contexto da Lava-Jato

Estadão Conteúdo

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai apresentar, na quinta-feira, novas "provas" e "evidências" ao Comitê de Direitos Humanos da ONU para embasar a queixa formal apresentada ao órgão com denúncia de abuso de poder da Justiça brasileira contra o petista no contexto da Operação Lava-Jato. Os advogados não adiantaram quais seriam esses novos elementos de defesa do ex-presidente. Em meados de outubro, a ONU anunciou abertura do processo de análise das acusações.

– Estou sendo vitima não de um processo político. Se fosse, meus advogados estariam falando. Mas estou sendo vitima de perseguição política e que visa destruir o partido de esquerda mais importante da América Latina – disse Lula.

– Estão tentando criminalizar o PT e que eu possa voltar a ser candidato em 2018 – afirmou o ex-presidente, por teleconferência durante coletiva de imprensa, em Genebra, nesta quinta.

Leia mais
Disputa por eleições diretas e liderança na Câmara dividem PT
Lula insiste para que Planalto informe sobre suas 84 missões empresariais
Defesa de Lula convoca imprensa em Genebra para falar de petição à ONU

Os advogados chamam o juiz federal Sergio Moro de "juiz de uma república de bananas" e pedem para que a ONU aja.

– O comitê da ONU precisa investigar as violações e aplicar as medidas necessárias para restabelecer as garantias fundamentais de Lula para que ele tenha um julgamento justo. Ou que seja condenado por manchetes de jornais – afirmou o advogado Cristiano Martins, que representa Lula.

Segundo o advogado Geoffrey Robertson, "algumas coisas ocorreram desde julho e temos o dever de informar o Comitê".

– Estamos, portanto, notificando isso – explicou. – Esperamos que o comitê nos dê um parecer favorável. Isso terá consequências no Brasil e que nos dê um juiz imparcial – explicou.

A coletiva foi conduzida pela equipe de advogados de Lula, formada por Cristiano Zanin Martins, Geoffrey Robertson e Valeska Martins. O grupo ainda contou com mais três funcionários, um tradutor e um fotógrafo. Nas Nações Unidas, a secretaria informou que a decisão de outubro ainda "não implica uma decisão nem sobre sua admissibilidade nem sobre mérito".

Segundo a porta-voz da entidade, Elizabeth Throssell, "isso significa apenas que o Comitê de Direitos Humanos olhará o caso".

– Podemos confirmar que a ONU formalmente registrou a petição submetida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – disse Throssell. – O processo de registro é essencialmente uma formalidade e não implica nenhuma expressão ou decisão do Comitê sobre a admissibilidade ou os méritos da queixa – reiterou.

Ainda conforme a organização, a admissibilidade da queixa apenas será avaliada uma vez que a entidade também tenha em mãos a defesa do Estado brasileiro. "O Comitê vai começar sua consideração sobre a admissibilidade uma vez que tenha recebido a submissão do Estado brasileiro sobre o assunto", indicou.

Segundo a ONU, o Brasil tem até o dia 27 de dezembro para responder. Mas pode pedir mais tempo, o que é normalmente concedido pela entidade. Uma vez respondido, o processo então é enviado de volta aos advogados de Lula, que terão dois meses para contestar a versão do governo brasileiro. Eles também terão o direito de solicitar mais tempo.

Com essa etapa concluída, a secretaria do Comitê de Direitos Humanos da ONU passa a avaliar o caso. Novos questionários podem ser enviados tanto ao governo quanto aos advogados. Para a ONU, portanto, "pode-se levar vários meses antes que o Comitê esteja em uma posição para tomar uma decisão sobre a admissibilidade do caso".

– O Comitê primeiro decide se a queixa cumpre os critérios de admissibilidade – explicou. – Isso pode normalmente levar até dois anos", disse. "O tempo para considerar a queixa, tanto em sua admissibilidade como mérito, varia. Mas pode levar até cinco anos – completou a ONU.

Leia as últimas notícias de Política

*Estadão Conteúdo

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Balanço Final

00:00 - 01:00