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A Polícia Federal prendeu preventivamente, na manhã desta quinta-feira, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB). Além do mandado expedido pelo juiz Marcelo Bretas, do Rio de Janeiro, sob a suspeita de cobrança de propina em contratos com o poder público, foi cumprido um mandado de prisão expedido pelo juiz Sergio Moro, em Curitiba, no âmbito das investigações da Eletronuclear.
Dessa forma, Sérgio Cabral é alvo de dois mandados de prisão preventiva: um pela Operação Calicute, considerada um braço da Lava-Jato no Rio, que tem como base a delação premiada do empresário Fernando Cavendish; o outro, pela Lava-Jato, tem como base delações da Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia, em que Cabral é suspeito de liderar um grupo que desviou cerca de R$ 224 milhões em contratos. Entre as obras investigadas estão a reforma do Maracanã, o Arco Metropoliltano e o PAC Favelas em troca de aditivos em contratos públicos.
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A polícia chegou à casa do ex-governador, no Leblon, zona sul do Rio, por volta das 6h, e deixou o local quase uma hora depois, sob gritos de "ladrão" de cidadãos. Os agentes utilizaram spray de pimenta para dispersar manifestantes. Além de Cabral, outras nove pessoas tinham sido presas até as 7h30.
Ao todo, pela Calicute, 230 agentes da Polícia Federal cumprem 38 mandados de busca e apreensão, oito de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 14 conduções coercitivas (quando o alvo é levado a depor e liberada), dentre eles, um contra a ex-primeira-dama do Estado, Adriana Anselmo.
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A operação foi batizada de Calicute, região da Índia onde o descobridor do Brasil, Pedro Álvarez Cabral, teve uma de suas maiores tormentas. A ação também marca a inédita cooperação entre a Justiça do Rio e a de Curitiba, responsável pelas 36 fases deflagradas até aqui.
Em nota, a PF diz que a "apuração em curso identificou fortes indícios de cartelização de grandes obras executadas com recursos federais mediante o pagamento de propinas a agentes estatais, incluindo um ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, além de outros fatos". São investigados os crimes de pertencimento à organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros.
O alvo principal
Cabral é acusado pela Lava-Jato dos crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Ele foi governador de 2007 a 2014, quando renunciou ao cargo para concorrer ao Senado. No entanto, abdicou da candidatura sem deixar claro os motivos. "Com 24 anos de mandatos consecutivos conferidos generosamente pela população do meu Estado, abdico da candidatura ao Senado Federal, cargo que já tive a honra de exercer, pelo que moveu toda a minha vida pública: o Rio de Janeiro", afirmou ele nas redes sociais à época.
Todas as fases da Operação Lava-Jato:
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*ZH com agências