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O ex-presidente da empreiteira Odebrecht, Marcelo Odebrecht, teria revelado em delação premiada que fez pagamentos ao ex-presidente Lula em espécie. Recursos faziam parte do montante de aproximadamente R$ 8 milhões destinados ao petista pela empresa. As informações são da revista IstoÉ.
No total, a empreiteira teria reconhecido que pagou algo em torno de R$ 7 bilhões em propinas no Brasil e no Exterior. De acordo com a publicação, além de Marcelo Odebrecht, Lula é citado por Emílio Odebrecht, Alexandrino Alencar, ex-executivo da empresa, e o diretor de América Latina e Angola, Luiz Antônio Mameri. Todos fizeram parte do acordo de delação.
Em troca de mensagens eletrônicas entre Mameri e Marcelo Odebrecht, citado pelo ex-presidente da empreiteira, ficaria clara a participação de Lula para a aprovação de projetos da empreiteira no BNDES. Em seu depoimento, Mameri também teria confirmado as mensagens e dito que as influências de Lula e do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci foram decisivas para a aprovação de projetos da empresa.
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A ex-presidente Dilma também teria sido citada nas delações, afirma a revista. Marcelo teria detalhado três encontros pessoais com Dilma, todos no Palácio da Alvorada e sem registro na agenda oficial. O empreiteiro conta que ela negociou pessoalmente pagamentos via caixa 2 para a campanha. O empresário teria contado ainda que, em um dos encontros, pediu a intervenção de Dilma na liberação de repasses do BNDES para a construção do porto de Mariel, em Cuba, feito pela Odebrecht com financiamento de mais de US$ 600 milhões do banco de fomento brasileiro.
Dilma teria lhe prometido resolver o assunto em 24 horas. De acordo com a IstoÉ, nos últimos dias, a Procuradoria-Geral da República teria iniciado o estágio da validação dos depoimentos, em que os 50 delatores e 32 colaboradores lenientes da Odebrecht passaram a ler e confirmar o que já escreveram.