Durou 9 minutos e 44 segundos o primeiro "encontro" entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava-Jato. O petista foi arrolado como testemunha de defesa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e prestou depoimento por meio de videoconferência, de São Bernardo do Campo (SP).
– Senhor ex-presidente, como eu lhe adiantei, vossa excelência foi arrolada como testemunha. Na condição de testemunha, vossa excelência tem um compromisso com a Justiça em dizer a verdade e responder as questões que lhe foram feitas. Perfeito? – afirmou Moro.
– Olha, eu fui, inclusive, comunicado pelos meus advogados que não seria necessário responder, mas eu quero dizer que eu faço questão de responder. O maior interessado na verdade sou eu – disse Lula.
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– A Justiça agradece, senhor ex-presidente – retornou o juiz da Lava-Jato. – Vou advertir vossa excelência apenas pelo que diz o Código de Processo Penal, que se vossa excelência faltar com a verdade, vossa excelência fica sujeita a um processo criminal, certo?
– Certo – respondeu Lula.
– Como existe e é sabido que existe uma ação proposta contra vossa excelência pelo Ministério Público Federal, se houver alguma indagação que vossa excelência entenda que a resposta lhe prejudica de alguma forma, fica esclarecido que vossa excelência tem o direito ao silêncio em relação a elas – observou Moro.
Lula depôs em ação penal em que Eduardo Cunha é réu por corrupção e lavagem de dinheiro. O petista também é réu em processo na 13ª Vara Federal, de Curitiba, sob tutela do juiz Moro, mas em outro processo.
A defesa de Eduardo Cunha quis saber de Lula detalhes sobre a nomeação dos engenheiros Nestor Cerveró e Jorge Zelada para a diretoria da Petrobras.
Lula disse desconhecer a suposta participação do ex-presidente da Câmara na nomeação do engenheiro Jorge Zelada para a diretoria Internacional da Petrobras e na compra do campo de petróleo de Benin, na África.
O Ministério Público Federal perguntou a Lula sobre os partidos que tinham participação na indicação de cargos na Petrobras.
– Veja, todos os partidos que compuseram a base do governo. Eu já expliquei mais de uma vez que quando um partido compõe uma aliança política para governar, todos os partidos que compõem podem reivindicar ministério e cargo. Esses partidos, então, fazem parte do governo. Era assim que era montado antes, durante e depois. E é assim que é montado agora – relatou Lula.