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O presidente Michel Temer afirmou, na terça-feira, que não permitirá que o Brasil fique "paralisado" e que o governo quer que as delações avancem e que o teor venha a público. Na segunda-feira, ele enviou carta ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedindo celeridade nas investigações da Lava-Jato.
Depois de ter dito que é preciso "coragem" para enfrentar a crise, o presidente voltou a usar a expressão. Em um evento aberto no Planalto, com uma plateia de menos de 40 pessoas, Temer iniciou o discurso saudando o Congresso pela aprovação da PEC do Teto, considerada um dos principais pontos do ajuste fiscal.
– Nós temos que seguir adiante. E, para isso, volto a dizer a vocês, a palavra é a mesma que usei lá atrás: é preciso coragem porque, convenhamos, nós estamos enfrentando muitas adversidades.
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Temer admitiu que há problemas, mas afirmou que eles não podem ser mantidos indefinidamente.
– Não foi sem razão que ainda ontem (segunda-feira) eu pedia que essas coisas todas, muitas vezes acusatórias, que venham logo à luz. Que vindo à luz, quem for acusado poderá defender-se, explicar-se, porque nós estamos na primeira fase da chamada acusação. A acusação é um longo processo, onde há defesa, isso, aquilo, não é? Então nós não podemos deixar que isto paralise o país. E nós não permitiremos que isto aconteça – ressaltou.
Com a estratégia de usar o discurso para mostrar a reação do governo e reforçar que delações a conta-gotas podem prejudicar o andamento da economia, Temer tentou demonstrar que não está acuado.
– Quando digo que o país não ficará paralisado é porque contra o argumento eu apresento documento. Contra o argumento eu apresento fato. Se há um argumento, há o fato que está sendo apresentado aqui, de propostas que estão sendo aprovadas pelo Congresso, há valores que estão sendo disponibilizados para o crescimento do país.
Citado na delação do ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho, Temer encaminhou a Janot carta em que alega que a "ilegítima divulgação das supostas colaborações premiadas" vem provocando "interferência" na condução das políticas públicas, acirrando as crises econômica e política e gerando clima de "desconfiança e incerteza".
Repasse "registrado"
O Diretório Nacional do PMDB recebeu três doações seguidas da Construtora Norberto Odebrecht, em setembro e outubro de 2014, que totalizam R$ 11,3 milhões. De posse desses registros, que constam no site do TSE, auxiliares do presidente Michel Temer tentam desmontar a delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Melo Filho disse que Temer pediu a Marcelo Odebrecht "apoio financeiro" para campanhas do PMDB em 2014.
O ex-executivo relatou que Marcelo decidiu doar R$ 10 milhões. Embora a quantia seja maior do que os R$ 10 milhões citados por Melo Filho, auxiliares de Temer sustentam que se trata da mesma doação e que tudo está "registrado" no TSE.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.