
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, afirma que recebeu sem surpresa a indicação de Alexandre de Moraes para ocupar a vaga deixada por Teori Zavascki na Corte. De acordo com o magistrado, o Ministério da Justiça é "um celeiro de nomes" para o STF. Em entrevista ao programa Timeline Gaúcha, nesta terça-fira, Mello elogiou a trajetória de Moraes e avaliou que a vinculação do político com o governo Temer não inviabiliza a atuação do ex-ministro da Justiça no Supremo.
– Ele (Moraes) não pode, de início, ser apenado por ter aceito um convite do presidente da República. Nós precisamos observar a trajetória do indicado, digna de elogios em termos de dedicação e equidistância – afirmou. – Agora, uma coisa é estar integrado ao governo. Algo diverso é ocupar a cadeira de julgador.
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O ministro do STF citou exemplos de outros magistrados que, antes de ingressar no STF, tiveram vinculação política, como Paulo Brossard, Nelson Jobim e Ayres Britto. Sobre a ligação de Moraes com o PSDB, Marco Aurélio Mello reiterou que questão "resolve-se pela desfiliação", já que os magistrados não podem estar filiados a partidos.
– Ele prestará contas ao contribuinte. O trabalho dele estará sendo acompanhado. Há um controle externo implícito da atuação do magistrado. Acima de cada qual dos integrantes do Supremo, está o colegiado e qualquer ato que o integrante pratique fica sujeito à impugnação – afirmou Mello, negando que o Moraes possa gerar um desequilíbrio em favor de Temer caso precise julgar o atual presidente em processos relacionados à Lava-Jato.
Para Marco Aurélio Mello, é natural que o presidente da República indique nomes do "círculo profissional de atuação" para compor o STF. Entre os atuais ministros da Corte, Celso de Mello foi secretário-geral de Saulo Ramos na Consultoria Geral da República, enquanto Gilmar Mendes ocupou a Advocacia-Geral da União durante o governo FHC, mesmo cargo desempenhado por Dias Toffoli no segundo mandato do ex-presidente Lula.
– Eu, por exemplo, fui indicado pelo ex-presidente Fernando Collor. Ele guarda para comigo um parentesco sanguíneo, nós somos primos. E eu jamais pensei em adotar posturas visando beneficiá-lo – defende.