
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), acredita que o projeto que atualiza a lei do abuso de autoridade será votado no plenário da Casa no início de maio. Ele trabalha com a hipótese de que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovará a proposta em caráter de urgência, o que dará prioridade ao texto na pauta.
O relator do projeto, Roberto Requião (PMDB-PR), prometeu apresentar seu novo parecer à CCJ nesta quarta-feira, baseado nas sugestões do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Apesar de ter acatado parcialmente a proposta por meio de substitutivo, Requião não aceitou modificar o trecho que trata de eventuais interpretações equivocadas da lei, considerado o mais polêmico.
Leia mais
Temer e Moro serão condecorados pelo Exército nesta quarta-feira
No Vatiano, Doria pede a Papa que reconsidere decisão de não vir ao Brasil
Mudanças no texto da reforma da Previdência acabaram, diz Meirelles
Ele avaliou como "inconsistentes" as mudanças propostas. No projeto apresentado ao Senado pela PGR fica estabelecido que "não configura abuso de autoridade a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas, desde que fundamentadas". Para Requião, a expressão "desde que fundamentadas" não foi bem colocada.

O senador considera que a versão da PGR "permite que uma autoridade deliberadamente cometa abuso de autoridade". Na nova versão, o artigo determina que "a divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas, necessariamente razoável e fundamentada, não configura, por si só, abuso de autoridade".
Requião fez as alterações para minimizar as críticas ao texto, de autoria do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de tentar retaliar os investigadores da Lava-Jato.
A proposta alternativa de Janot apresentada aos senadores foi transformada em projeto por Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e apensada ao projeto de autoria de Renan.
Segundo Randolfe, o novo texto de Requião visa a "driblar" a opinião pública, mas continuará com o mesmo efeito do anterior, de "criminalizar a hermenêutica" interpretação da lei. A votação do texto nesta quarta-feira, dependerá do quórum da sessão.
*Estadão Conteúdo