A Polícia Federal está nas ruas na manhã desta quinta-feira (3) para cumprir nove mandados de prisão no Rio de Janeiro e um em Pernambuco em mais uma fase da Lava-Jato. A operação atinge, pela primeira vez, a prefeitura do Rio. O principal alvo é Alexandre Pinto, ex-secretário de Obras na gestão do prefeito Eduardo Paes. As investigações envolvem pagamento de propina a servidores municipais do Rio.
Os 10 alvos dos mandados de prisão são acusados de corrupção em contratos com a Carioca Engenharia firmados com a prefeitura do Rio na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes. Eles estariam envolvidos em pagamento de propina e desvio nas obras da Transcarioca, corredor que liga o aeroporto do Galeão à Penha e que custou R$ 2 bilhões, e da despoluição de córregos da Bacia de Jacarepaguá. A operação recebeu o nome de "Rio 40 graus" e os mandados foram autorizados pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.
Alexandre Pinto teria recebido 1% de um valor de R$ 500 milhões das obras da Transcarioca enquanto estava à frente da Secretaria de Obras de 2012 a 2016. Ele foi preso às 6h20min em casa, em um condomínio de luxo da Taquara, na zona oeste do Rio.
Além do ex-secretário, são denunciados lobistas e fiscais de obras da prefeitura. Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
As investigações começaram há cerca de quatro anos e envolveram informações adquiridas nas delações premiadas de Luciana Salles Parente e Rodolfo Mantuano, ex-executivos da Carioca Engenharia
Antes, a Lava-Jato, por meio da Operação Calicute, havia atingido o governo estadual do Rio, na gestão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). A Rio 40 Graus busca investigar se o esquema criminoso a nível estadual também se repete na prefeitura carioca.
Os investigados serão levados para a Superintendência da Polícia Federal, no centro do Rio. Estavam envolvidos na operação 76 policiais federais para cumprir nove mandados de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária, três de condução coercitiva e 18 de busca e apreensão.
Em nota, Eduardo Paes afirmou que Alexandre Pinto "é um servidor de carreira da prefeitura do Rio" e que a política "não teve qualquer relação" com a nomeação para secretário de Obras. O ex-prefeito ainda diz que, caso as acusações sejam confirmadas, "será uma grande decepção o resultado dessa investigação".