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Comandada pelo almirante gaúcho Alexandrino Faria de Alencar, natural de Rio Pardo, a Marinha brasileira enviou à Europa a Divisão Naval de Operações de Guerra (DNOG). Composta de dois cruzadores leves (Rio Grande do Sul e Bahia) e quatro contratorpedeiros (Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina), além dos auxiliares Belmonte (ex-alemão Valesia) e Laurindo Pitta, que levavam carvão para a frota, a DNOG seria responsável por patrulhar a área entre a costa africana e o Mar Mediterrâneo.
Mal os navios haviam recolhido âncoras, às 8 horas da manhã de 1º de agosto de 1918, em Fernando de Noronha, começaram os problemas técnicos que atingiriam as embarcações no percurso até Gibraltar. Na chegada a Freetown, os navios uniram-se à Força Naval inglesa. A passagem pelo porto, em Serra Leoa, precisou ser estendida por 14 dias para que os barcos brasileiros fossem reabastecidos e, alguns, consertados.
De volta ao mar, em 25 de agosto, vigias dos navios Rio Grande do Sul - o capitânia (líder) da frota -, Bahia e Laurindo Pitta avistaram um submarino alemão. Os dois primeiros abriram fogo. Antes de sumir nas águas, o submersível disparou um torpedo contra o Belmonte. O tiro passou a 20 metros da popa. Enquanto o submarino desaparecia, o Rio Grande do Norte lançou bombas de profundidade e disparou tiros de canhão. Dias depois, um comunicado do Almirantado britânico confirmou que o submersível estava desaparecido. A DNOG tivera um êxito a celebrar.
Em 26 de agosto, a divisão finalmente aportou em Dakar. Os cruzadores apresentavam deficiências nas turbinas de propulsão e precisaram sofrer novos reparos. A ideia do comando seria que a passagem pelo local durasse apenas os dias necessários à manutenção das embarcações e os reparos nos condensadores do Rio Grande do Sul. Entretanto, um inimigo invisível atacaria os marinheiros, uma epidemia de gripe espanhola, que atingia a Europa e já começara a se espalhar por outros continentes.
Em 6 de setembro, a gripe espanhola fez as primeiras baixas entre os brasileiros. No total, 70 marinheiros do Bahia caíram doentes. No dia seguinte, o contingente afetado chegaria a 200 no mesmo navio. A bordo dos navios da DNOG, um total de 156 marinheiros pereceria diante da gripe espanhola.
Nos últimos meses do governo de Wenceslau Braz, a epidemia atingiria o Brasil, matando cerca de 15 mil pessoas. Em todo mundo, a doença mataria cerca de 20 milhões de pessoas, vitimando mais gente do que a própria guerra.
- A maior contribuição e o maior sacrifício foi da Marinha, que mandou uma divisão naval de operações para, junto com os aliados, vigiar o Mar Mediterrâneo. A divisão foi atingida pela gripe espanhola, e chegou a um ponto em que toda a esquadra teve de ficar paralisada - afirma o presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, coronel Cláudio Moreira Bento.
Em 3 de novembro, a DNOG finalmente partiu para Gibraltar, onde deveria encontrar-se com o navio inglês Britania, que assumiria como capitânia da esquadra, no dia 9. Devido a problemas técnicos, o Rio Grande do Sul permaneceu no porto de Dakar. Assim, o Bahia tornou-se o líder da frota nacional.
Graças à interceptação de mensagens de rádio francesas, submarinos alemães concentraram-se na região de Gibraltar, à espera da divisão naval brasileira. Em razão do atraso dos brasileiros, o inglês Britania, solitário, foi torpedeado no dia 9. A DNOG chegou ao Mediterrâneo em 10 de novembro, um dia antes do armistício, a tempo de assistir ao sepultamento das vítimas do navio inglês.
Antes de retornar ao Brasil, a DNOG foi convidada a participar das festividades promovidas pelos países vitoriosos na guerra. Assim, o almirante, os comandantes dos navios e diversos oficiais foram recebidos pelo rei Jorge V. Depois, ainda passariam por Cherburgo, Lisboa, Gibraltar e Spezia, antes de retornarem ao Brasil em 23 de maio, quando a esquadra aportou no Recife.