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
Apenas um brasileiro pegou em armas em missão oficial, o então segundo tenente José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque - irmão de João Pessoa (governador da Paraíba entre 1928 e 1930) e sobrinho de Epitácio Pessoa (presidente da República entre 1919 e 1922). Natural da cidade de Cabaceiras (PB), José Pessoa formara-se aspirante a oficial na Escola de Guerra em Porto Alegre, em 1909.
Enviado pelo Exército para a França para estudar a mecanização militar na Escola de Carros de Combate de Versalhes, ele partiu em 9 de janeiro de 1918 do Rio para Londres, de onde seguiu, em 15 de fevereiro, para Paris. De maio a julho, fez estágio na escola militar de Saint-Cyr. Já em agosto, foi colocado à disposição do 2º Corpo de Cavalaria do exército francês. Seguiu para o front em 3 de setembro, passando a comandar um pelotão do 1º esquadrão do 4º Regimento de Dragões. Na volta ao Brasil, condecorado pelos governos francês, britânico e belga, Pessoa implantou a primeira unidade de carros de combate do Exército Brasileiro, a chamada Companhia de Carros de Assalto, que comandaria até 1923.
Embora tenha sido o único enviado oficial, Pessoa não foi o único brasileiro no front. Além dele, vários voluntários - em sua maioria, descendentes de europeus radicados no país - participaram de combates. Em setembro de 1914, o advogado da cidade de Rio Grande Joaquim Domingos Pereira Filho embarcou no transatlântico Andes, no Rio, em direção à Europa. Com ele, estavam o oficial do Exército francês Victor Popp, morador de Pelotas, e o jornalista Casemir Reichman, natural da Polônia Russa, que morava no Paraná havia 10 meses. Redator do jornal Polac e correspondente do A República, de Curitiba, ele pretendia alistar-se no Exército francês.
No mesmo dia, no vapor holandês Gelria, partiam do Rio para a Europa vários oficiais alemães, que mais tarde deveriam seguir de Amsterdã para a Alemanha, onde se apresentariam às forças armadas do kaiser Wilhelm II. No Gelria também viajaram dezenas de voluntários da Tríplice Entente. "Era curioso notar-se os olhares de desconfiança trocados entre os soldados alemães e os reservistas da Tríplice Entente, que ostentavam seus distintivos à lapela. Alemães e reservistas aliados, que seguiram viagem juntos nesse mesmo vapor portavam-se como inimigos, não havendo entre eles nenhuma troca de palavras. E, assim, partiram a caminho da guerra", descreveu O Imparcial.