Direção, imagens e edição: Marcelo Carôllo
Agradecimento: Churrascaria Galpão Crioulo
Um indivíduo com larga experiência de vida, mas que não quer se entregar para o tempo.
Assim pode ser definido qualquer gaúcho que se encaixe no folclore da música
Veterano, de Antonio Augusto Ferreira e Ewerton Ferreira, vencedora da Calhandra de Ouro na 10ª edição da Califórnia da Canção Nativa, em 1980. Mas o homem que se sustenta na coragem caso falte força no braço é Jonatas Magalhães Ferreira, pai de Antonio Augusto e avô de Ewerton.
- Ele (Jonatas) teve uma vida bastante difícil, criou os filhos praticamente sozinho. E, ao final da vida, não queria justamente se entregar. Achava que tinha vigor para realizar as próprias vontades. Imaginava-se como um jovem - conta Ewerton, hoje oficial de Justiça.
No final da década de 1970 e início dos anos 1980, a Califórnia atingia seu ápice. Diversas canções de qualidade invejável saíram daquela época para entrar na história do movimento nativista. O jovem Ewerton, ainda que mais identificado com o rock e a MPB, foi convidado a participar do festival como instrumentista, em 1979.
- Fiquei muito entusiasmado com a proposta do movimento e queria, no ano seguinte, entrar como compositor. Mas não tinha a vivência e o linguajar campeiro para fazer uma composição no nível da Califórnia - recorda.
Um acidente de trânsito em março de 1980 tentou interromper o sonho de Ewerton, mas o tio não deixou. Antonio Augusto, poeta e fazendeiro, visitou-o no hospital e prometeu escrever uns versos para o sobrinho. A Califórnia ocorreria em dezembro.
- Fiquei "entrevado" por um tempo. Sofri três cirurgias na perna esquerda. O Antonio Augusto voltou depois de um tempo com a letra de Veterano na mão, sugerindo que eu musicasse como uma milonga. Mas saiu um chamamé - explica.
Dali para o palco, e, do palco, para a memória dos gaúchos, eternizada na interpretação de Leopoldo Rassier e do grupo Os Serranos.
- A música tinha uma pulsação forte, diferente, que fazia bem para as pessoas. Naquela época, eu lembro que passava pelos lugares e ouvia as pessoas cantarolando, assoviando, e isso me enchia de orgulho - relata Ewerton. - Há alguns dias, meu afilhado caminhava pela rua e viu duas pessoas tocando Veterano. Me ligou e pôs no telefone para que eu ouvisse - acrescenta.
Autor da composição, Antonio Augusto morreu em 2008, após lutar contra um tumor no cérebro, 28 anos depois de deixar para a eternidade um dos clássicos da música regional. Mas o saudosismo de Veterano acompanhou o poeta, carregado de sonhos que foram morar com ele em seu novo paradeiro.
Direção, imagens e edição: Marcelo Carôllo
Abaixo, Ewerton Ferreira comenta os trechos de Veterano: