
Quem nunca usou de comentário sarcástico para dar opinião sobre uma notícia qualquer ou uma postagem de amigo nas redes sociais? Pois saiba que agora o governo norte-americano não quer mais deixar passar expressões irônicas em suas análises de monitoramento.
Em anúncio divulgado no início da semana, a Casa Branca informou que está à procura de novos softwares para aprimorar o serviço e entre os requisitos solicitados está a capacidade dos programas em detectar sarcasmo nos comentários dos usuários no Twitter.
- Nosso objetivo é automatizar o nosso processo de monitoramento de mídia social. A capacidade de detectar sarcasmo e falsos positivos é apenas uma das 16 ou 18 coisas que estamos olhando - afirmou o porta-voz do serviço secreto dos Estados Unidos, Ed Donavan, em entrevista ao jornal The Washington Post.
Se a função é complexa até para analistas, a tarefa de desenvolver um software é um desafio para programadores. Para quem se arriscar na tarefa, o Serviço Secreto norte-americano aceitará propostas até a próxima segunda-feira, dia 9.
Ferramenta crítica
Nas redes sociais, o humor irônico é uma das principais ferramentas para críticas, seja a políticos, celebridades ou a simples fatos do cotidiano. Fotos de personalidades que fujam do padrão não estão livres de virar material para Tumblrs. Declarações infelizes também não escapam de se transformar em matéria-prima aos usuários.
Um exemplo clássico de ironia nos últimos tempos é "Padrão Fifa", termo usado para definir exigências da entidade durante a Copa do Mundo, agora amplamente utilizado pela população para criticar situações pessoais ou serviços públicos. Veja alguns exemplos do Twitter:
Análise ainda falha
Compreender o contexto das publicações, no entanto, ainda é a maior dificuldade para os softwares de monitoramento usados hoje. A interpretação humana para detectar essas expressões ainda será necessária por algum tempo, mas não por muito.
A pesquisadora e coordenadora da especialização em cultura digital da Unisinos, Adriana Amaral, não arrisca uma previsão, mas acredita que uma resposta mais eficiente dos programas deve ocorrer em breve. Hoje, no Twitter, Facebook ou Instagram, a análise mais precisa ainda fica dependente de informações dadas de forma explícita pelo usuários, como, por exemplo, o uso de hastags de ironia (#SQN).
- O contexto determina se é ironia ou não e os softwares têm que fazer uma análise. Hoje os algoritmos dão recomendações baseadas nos nossos gostos, mas eles ainda são bastante falhos - comenta.
O monitoramento das redes, ainda com muito esforço de profissionais, deve ser alçado ao protagonismo, por exemplo, da campanha eleitoral deste ano.
- Na última campanha (2010), as ações (de promoção das candidaturas) nas redes foram protagonistas. Nesse momento, dado tudo que aconteceu com as manifestações do ano passado, Copa, greves, esse monitoramento deve ganhar destaque - ressalta Adriana.