
A câmera ganha foco manual, a tela agora fica na horizontal, a tela entende até impressão digital, os ícones estão com novo visual, mas nada disso fica mais de um dia sem pedir uma tomada. Bateria capenga é uma bronca tão comum para dono de smartphone - e sem nenhuma solução aparente no horizonte - que os usuários vão se resignando com a vida curta de seus aparelhos.
Mas as coisas estão avançando. Se os processadores quad-octo-vários-core exigem mais energia, as baterias tentam acompanhar. Praticamente todos os dispositivos hoje contam com baterias de íons de lítio, cujas células transmitem elétrons entre um polo ânodo e um polo cátodo. O pulo do gato está no ânodo, onde o grafite é usado para abrigar os íons. Apesar de barato e durável, o grafite tem capacidade muito limitada de armazenamento, e assim as baterias ficam cada vez maiores.
Um "Santo Graal" foi divulgado em julho por pesquisadores da Universidade de Stanford. A publicação na revista Nature Nanotechnology anunciou que as baterias poderiam ficar menores e até 400% mais duráveis com um ânodo de lítio puro, algo que os cientistas, com a ajuda de "nanoesferas de carbono", finalmente conseguiram construir driblando fenômenos indesejados, como explosões ou a queda da eficiência após poucos ciclos de recarregamento.
Enquanto o seu Santo Graal não vem, o pessoal se arranja do jeito que dá. E o jeito, além da gambiarra nossa de cada dia, envolve também algumas crenças que nem sempre se sustentam. Para tratar bem de sua bateria e não se complicar com superstições, evite os mandamentos mais comuns da fé dos gadgets:
1) Carregarás a bateria por pelo menos 8 horas
Se carregar por menos tempo, a bateria perde vida útil. Com certeza: se o seu aparelho for aquele tijolão que a gente chamava de "celular", alimentado por uma bateria de níquel-cádmio, que "viciava", criando um composto metálico que bloqueava a corrida dos elétrons. Não tem nada disso na bateria de lítio do seu smartphone.
2) Só recarregarás com 0% de carga / Só tirarás da energia com 100% de carga
Esses mitos são variações do anterior, baseado na tecnologia antiga de baterias, que recorria a ciclos de carga e descarga - significava que, levada à tomada com 30% de carga, a bateria passava a achar que 70% era o novo 100%. O chamado "efeito memória" comprometia as baterias de níquel-cádmio, que ficavam viciadas e requeriam carregamentos sempre mais frequentes. Alguns fabricantes recomendam pelo menos uma carga completa por mês, para fins de "calibragem".
3) Jamais carregarás um telefone com 100% de carga
O seu smartphone é esperto e consegue detectar quando saciou a fome, então não vai continuar comendo até ter um colapso. Os próprios carregadores impedem a passagem de energia quando "sentem" que o aparelho encheu o bandulho. Ainda assim, para preservar a bateria nos trinques, vale tentar mantê-la carregada entre 40% e 80%.
4) Não usarás o smartphone enquanto ele estiver carregando
Esse mandamento serve para o caso de você precisar de um carregamento rápido. A bateria não sofre ao ganhar e perder carga ao mesmo tempo, assim como não existe a recomendação de desligar o telefone na hora de carregar. A diferença é que, com o aparelho desligado, o processo dura bastante menos. Além disso, é recomendável que, volta e meia, você desligue o dispositivo. Ficar acordado o tempo inteiro compromete a vida útil de qualquer um.
5) Terás saudades das baterias robustas de antigamente
Só se você preferir, também, os recursos reduzidos dos celulares de outrora, que demandavam bastante menos energia. Pense que as pequenas baterias de hoje colocam para rodar um computador muito mais robusto que o seu primeiro PC. Se quiser que o aparelho aguente mais tempo aceso, considere reduzir o brilho da tela, desligar o wi-fi, o 3G/4G, as notificações
e comemore, enfim, o retorno do telefone que era feito para telefonar.
6) Colocarás a bateria na geladeira
Essa famosa gambiarra funciona para alguns tipos de bateria, já que temperaturas mais baixas reduziriam a intensidade do fenômeno de perda de energia inerente a qualquer bateria. Como em baterias de íons de lítio essa "autodescarga" é de cerca de 5% por mês, colocá-las na geladeira não deve resultar em nenhum benefício prático, além de trazer alguns perigos. Sob umidade e temperaturas muito baixas, como dentro do congelador, a bateria pode sofrer condensação e corrosão interna. Melhor usar o carregador.