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Há dois anos que o Réveillon na casa da bailarina Alaíde da Silva Linck traz uma lembrança dilacerante. No dia 1° de janeiro de 2012, a mulher de 28 anos foi morta em um acidente na Estrada do Mar depois que voltava de uma festa. Como recurso em busca por Justiça, a família escolheu protestar. Desde o ano passado, eles vão até o local da colisão, que fica próximo ao acesso a Xangri-Lá, e estendem uma faixa pedindo que o julgamento do caso se acelere. Neste ano, o ato foi na segunda-feira, às 9h.
Acompanhado da avó Maria Regina da Silva, 58 anos, o filho de Alaíde, Miguel, de nove anos, fez questão de participar do ato hoje. O menino passou o trajeto de Gravataí, onde mora com Regina, até o Litoral Norte dormindo no carro. Ao estacionar, preferiu não descer. Esta foi a primeira vez que a criança foi até a cena da morte da mãe.
Assista ao vídeo publicado com Miguel, onde conta como é viver sem a mãe:
Quem passar pela Estrada do Mar deve ver no trecho uma faixa de três metros de comprimento com os dizeres: "Capão, já faz dois anos e cadê a Justiça?". Em um ato silencioso, a mãe de Alaíde atou as duas pontas do cartaz nas árvores que contornam a rodovia em um local de visibilidade.
- Queremos Justiça. Até quando as pessoas que causaram a morte da minha filha vão ficar soltas? A vida do meu neto vai ficar marcada para sempre e a minha destruída. Sou apenas uma casca por fora - argumentou Regina.
Neste ano, o ato foi realizado dois dias antes da data do acidente. A intenção é, além de chamar a atenção para o processo da filha, também fazer um apelo aos motoristas para que dirijam com atenção e prudência nesta época de festas.
- Foi em uma saída de festa que tudo aconteceu, por isto decidimos colocar a faixa no meio do feriado. Também queremos conscientizar outras pessoas para que não dirijam depois de beber para que outras famílias não tenham uma data terrível como esta para ser lembrada, como acontece com a nossa - completou Regina.
Confira vídeo com Maria Regina, a mãe de Alaíde:
O acidente ocorreu no dia 1° de janeiro de 2012 e teria sido provocado pelo Vectra que pertencia à família de Paulo Afonso Corrêa Júnior, suplente de vereador de Tramandaí à época, dirigido pela ex-modelo Tatieli Costa, que não tinha carteira de motorista e, segundo o inquérito, apresentava sinais de embriaguez. Ambos foram presos em flagrante e respondem em liberdade.
A colisão também vitimou o taxista Ivo Ferrazo, 63 anos, que conduzia um Corsa. No Prisma de Alaíde, também estava a amiga Carine Bueno Flores, que ficou 26 dias internada no Hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa. Até hoje, não houve julgamento do caso.