David Coimbra
Depois que minha vizinha tirou toda a roupa e ficou completamente nua, nua de uma nudez fresca e matinal, nua com evidente orgulho de seu corpo em que nada sobrava e nada faltava, em que tudo parecia compacto e, ao mesmo tempo, farto, depois que ela se pôs naquela nudez trombeteante, suas longas pernas a levaram até a janela e seus delgados braços a fecharam num golpe e eu, no edifício em frente, espiando pela persiana, fiquei por um momento paralisado, feliz, sem saber bem em que pensar, sem ligar para o vinho derramado na minha mesa de trabalho, sem ter condições de voltar ao livro que escrevia.
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