David Coimbra
Dizem que o jornalismo vai acabar, que está acabando. Bem. Quero assegurar que, apesar de me preocupar um pouco, não fico ressentido. As coisas acabam. Algumas são feitas para acabar. As paixões avassaladoras, por exemplo, o ideal é que não apenas terminem, mas terminem incompletas. Se as paixões avassaladoras terminam de forma abrupta, aí sim, se eternizam. Continuam vivas num suspiro, num olhar comprido para o vazio, no desfrute das delícias da saudade. Caso contrário, diluem-se melancolicamente, e é como se nunca tivessem existido – pior do que deixar de existir é nunca ter existido.
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