
As obras de construção do Campus Condorcet, nos arredores de Paris, vão finalmente debutar. O novo espaço, no subúrbio norte da capital francesa, entre a Porte de La Chapelle e Aubervilliers, se reivindica como o maior campus universitário da Europa dedicado às ciências humanas e sociais. O polo, já apelidado de “Harvard à la française”, vai reunir 10 instituições hoje dispersas por Paris em duas áreas de um total de 7,4 hectares, na expectativa de acolher 18 mil estudantes, pesquisadores e funcionários. O projeto arquitetônico do escritório de Christian e Elizabeth de Portzamparc tem inauguração prevista para abril de 2019.
Ainda na região de Aubervilliers, será criado até 2021 o “primeiro bairro zero carbono de Paris”. Batizado de “Ilha Fértil”, terá apartamentos, lofts, albergue da juventude, incubadora de startups, complexo esportivo, escritórios e prédios comerciais de construção e manutenção sem pegada de carbono. O coração da ilha será um amplo jardim aberto. A Ilha Fértil foi um dos projetos urbanos escolhidos pelo júri do programa Reinventar Paris, organizado pela prefeitura.

Na mesma seleção, foi aprovado o projeto do “cinema do amanhã”: cinco salas de projeção de um total de 500 lugares dispostos num prédio futurista, com estrutura de vidro e metal. O acesso às salas será totalmente automatizado. No terraço do último andar, o estrelado chef Thierry Marx instalará um restaurante monitorado pelos aprendizes de sua escola de cozinha. O cinema, com inauguração em fim de 2018 ou começo de 2019, será construído na avenida Parmentier.
UM GÊNIO AMERICANO
A cidade de Angoulême, capital da história em quadrinhos, abriu nos últimos dias uma exposição imperdível para aficionados. Em parceria com o célebre Festival Internacional da HQ, que encerra sua 44ª edição neste domingo, foi organizada uma homenagem ao centenário de nascimento de Will Eisner (1917–2005), considerado o criador do romance gráfico e pai do antissuper-herói Spirit.
Mais de 120 pranchas originais, esboços, croquis, fotos e cartas manuscritas dispostas em um espaço cenográfico de 400 metros quadrados poderão ser admirados até o dia 15 de outubro deste ano. Dois filmes documentários sobre o artista serão ainda exibidos durante a mostra: Will Eisner: Profissão Cartunista, da brasileira Marisa Furtado de Oliveira, e Will Eisner: Retrato de um Artista Sequencial, do americano Andrew Cooke.

TEMPLO DA LEITURA
Após seis anos fechada para obras de renovação e restauração, a histórica Biblioteca Richelieu, no centro de Paris, reabriu suas portas desvendando um verdadeiro tesouro. Obra-prima da arquitetura, a sala Labrouste, inativa desde 1998, é hoje novamente visível em todo o seu esplendor. Projetada pelo arquiteto Henri Labrouste (1801-1875) como Biblioteca Imperial e inaugurada em 1868, a sala de leitura que leva o nome de seu criador, de 1,2 mil metros quadrados, é um exemplo de sua inventividade e modernidade, e uma experiência visual de beleza única. Visitas guiadas são organizadas semanalmente, com inscrição via site da Biblioteca Nacional da França (bnf.fr).

PARA CANTAR E LER PARIS
O célebre compositor americano George Gershwin dizia que “há apenas dois temas possíveis para as canções: o amor e Paris”. A frase bem que poderia ter inspirado o livro Se Paris me Fosse Cantada (ed. Gründ), de Christian-Louis Eclimont. Trata-se de uma obra fartamente ilustrada e repleta de histórias e curiosidades de bastidores sobre canções de Paris, de 1920 até hoje – “do 70 rotações até o MP3” –, contada por suas ruas e bairros. Há a canção Dans la Rue des Blancs-Manteaux, uma denúncia da pena de morte escrita pelo filósofo Jean-Paul Sartre e imortalizada em 1950 na voz de Juliette Gréco, mas também a Petite Blonde du Boulevard Brune, de Manu Chao, de 2004.

Ao folhear as páginas do singular guia musical, o leitor ouvirá Aristide Bruant, Yves Montand, Barbara, Serge Reggiani, Serge Gainsbourg, Charles Trenet, Charles Aznavour, Erik Satie, Édith Piaf, Françoise Hardy, Mistinguett, Georges Brassens, Étienne Daho, Renaud, Patachou, Têtes Raides e tantos outros passearem por conhecidos e desconhecidos endereços da capital francesa.