
Foram quase dois anos de incertezas no frigorífico da Marfrig em Alegrete até o fechamento da unidade, confirmado nesta quinta-feira pela companhia. No dia 3 de janeiro, a empresa demitirá todos os 648 funcionários. A notícia, comunicada aos trabalhadores faltando 10 dias para o Natal, agravará o quadro de desemprego do município da Fronteira Oeste – que tem no frigorífico um dois principais empregadores e gerador de R$ 4 milhões ao ano em arrecadação de ICMS.
Assim como no final de 2014, quando a empresa tentou encerrar as operações da unidade, a justificativa é a falta de oferta de gado na região. O argumento é contestado pelos produtores rurais:
– A oferta tem diminuído muito pouco de um ano para o outro, nem perto de justificar o fechamento. O que determina o mercado é o preço. Se pagar bem, não faltam animais – disse Pedro Pires Píffero, presidente do Sindicato Rural de Alegrete.
Com capacidade para abate diário de até 700 cabeças de gado, a unidade da Marfrig é habilitada para exportar a 12 países, incluindo China, Rússia e União Europeia – principais mercados importadores de carne bovina. Com o fechamento da planta, as operações da companhia no Estado ficarão concentradas em São Gabriel, Bagé e Hulha Negra.
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Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Alegrete, Marcos Rosse, desta vez a empresa não ofereceu possibilidade de transferência dos trabalhadores para outras unidades.
– Não esperávamos o fechamento agora. Os abates estavam ocorrendo normalmente até o início das férias coletivas, a planta vinha recebendo investimentos – lamenta Rosse.
O sindicato apresentou denúncia no Ministério Público do Trabalho, alegando demissão em massa e forte impacto na economia do município. Uma reunião de conciliação foi marcada para o dia 22.
– Infelizmente hoje não há outras opções de emprego para esses trabalhadores na região – acrescenta Rosse.
Por esse motivo, as demissões chegaram a ser suspensas pela Justiça no começo de 2015, quando a empresa comprometeu-se em manter as portas abertas por mais um ano. Passado esse período, com folga, parece sobrar poucas esperanças de reversão agora – momento de forte recessão econômica no país.