
Fico imaginando o que é o inferno atingido por um furacão que o torne ainda mais infernal. A ONU expressa preocupação pela proliferação de incidentes e ataques que impedem a distribuição de ajuda de emergência às pessoas atingidas pelo furacão Matthew, que devastou o Haiti na semana passada. E essa manifestação das Nações Unidas provoca profundas e desagradáveis reflexões.
- As pessoas têm fome, e é preciso conseguir abrir as vias para ajudá-las - diz o coordenador de ajuda humanitária no Haiti, Mourad Wahba, que fez essa declaração ao enfatizar que o problema não é simplesmente de segurança.
Quase duas semanas depois da passagem do furacão, muitos habitantes de zonas isolados têm sido tomados pela raiva: vários comboios humanitários foram bloqueados por barricadas e, em alguns casos, saqueados na rota nacional que conduz a península do sul, a mais afetada por Matthew. No sábado, um caminhão fretado pelo Programa Mundial de Alimentos da ONU foi saqueado em frente à entrada da base da ONU na cidade de Les Cayes, uma das mais atingidas pelo poderoso furacão, que atingiu ventos de 230 km/h quando chegou ao Haiti em 4 de outubro. Os capacetes azuis senegaleses usaram granadas de gases lacrimogêneos contra as pessoas que saqueavam o caminhão, que responderam jogando pedras, informou o responsável da ONU.
Este ataque foi perpetrado pouco antes de o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ter chegado de helicóptero à base dos cascos azuis da ONU em Les Cayes.
- Todo ataque contra um comboio humanitário é um ataque contra os que sofrem, contra os mais necessitados - disse Ban em sua volta a Porto Príncipe, depois de contar que ele próprio havia sido testemunha do ataque.
Sem acesso seguro a alimentos nem água, mais de 175 mil danificados continuam refugiados em albergues provisórios e preocupados com o futuro.



