Quando todos olhavam para a Moody's - que há uma semana colocou o Brasil em revisão negativa -, veio de outra agência de classificação de risco a decisão que obrigará muitos fundos de investimento institucionais a abandonar o Brasil. A Fitch rebaixou a nota do Brasil, que agora só mantém uma nota em grau de investimento, exatamente a da Moody's, que também está com os dias contatos.
Nos estatutos dos fundos institucionais, existem regras que condicionam a aplicação à existência de duas notas no chamado "grau de investimento". A intenção é proteger os cotistas ou investidores do risco maior representado pelas notas em grau especulativo.
Não há um valor exato previsto para deixar o Brasil nos próximos dias. Não existe um indicador preciso sobre o valor dos investimentos em bolsa de valores e em renda fixa será afetado pela perda da dupla nota em grau de investimento. Estimativas de quem trabalha com câmbio e fluxo de capitais situam o tamanho da saída entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões, mas também não se sabe com exatidão quanto já saiu e quanto pode sair mesmo não sendo obrigado a fazê-lo.
O fato é que o dólar vai subir - como já está ocorrendo nesta quarta-feira. A cotação no Brasil se aproxima dos R$ 4, e não é impossível que venha a cruzar esse limite ainda hoje, dia em que ainda pode ocorrer a esperada decisão do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, de começar a elevação da taxa básica de juro do país, outro fato de pressão sobre as cotações no mundo inteiro.
Desde que a Standard & Poor's retirou a nota em grau de investimento do Brasil, havia o temor de que outra agência acompanhasse a decisão, especialmente diante dos indicadores macroeconômicos do Brasil, que não param de piorar, e das decisões do governo que não garantem compromisso com uma política fiscal que limite o crescimento da dívida pública.