
Presidente mundial do banco Santander, Ana Botín disse nesta terça- feira, em Boadilla del Monte, que a instituição tem US$ 11 bilhões para investir na América Latina nos próximos três anos.
Respondendo a uma pergunta de Zero Hora em encontro com jornalistas da região, afirmou que é difícil ocupar o espaço de um grande banco público, mas reforçou que é fundamental, para o Brasil, fazer as reformas estruturais que permitam atrair capital estrangeiro e reduzam o custo de fazer negócios no país.
– Em encontros internacionais de negócios, sempre faço questão de dizer que o Brasil não é só commodities. Não exporta só para a China, há setores industriais importantes. Mas tentamos ajudar em uma negociação entre uma empresa de Bristol (Reino Unido) e uma grande empresa brasileira, e houve muitas exigências, até de instalar uma planta no Brasil – disse a banqueira.
Ainda sobre o Brasil, Ana confirmou o interesse do Santander na compra das operações de varejo. O banco de origem norte-americana colocou à venda as divisões no Brasil, na Argentina e na Colômbia. No Brasil, Safra e Itaú também fizeram ofertas.
Apesar de reiterar a participação na disputa, a presidente do Santander deixou claro que a compra só será fechada se for conveniente:
– Não podemos comentar temas concretos. O que podemos dizer é que temos interesse e obrigação de analisar todas oportunidade. No ano passado, analisamos o HSBC. Afinal, não fomos fomos quem compramos. São add on (negócios que agregam valor), aquisições pequenas em relação ao tamanho que temos. Porque temos a massa crítica suficiente para competir. Não temos que comprar. Somente se a oportunidade fizer sentido financeiro e estratégico.
Ana Botín se manifestou na abertura do 15* Encontro Santander América Latina, na sede mundial da instituição, na pequena cidade de Boadilla del Monte, na periferia de Madri. Conforme Ana Botín, se os países latino-americanos elevassem os investimentos em infraestrutura para 5,2% do PIB da região a cada ano, elevariam seu potencial de crescimento em dois pontos percentuais.
No Brasil, o Santander é o terceiro banco privado, atrás de Itaú Unibanco e Bradesco. Ao comentar a exposição aos riscos do Brexit, uma vez que o Reino Unido ultrapassou o Brasil como maior mercado do Santander, Ana afirmou que uma das consequências será a de que o Brasil deve retomar sua posição.
– Espero que o Brasil seja número 1, e logo, já em 2017. Depende muito do câmbio, que este ano não nos favoreceu. Mas agora isso mudou, porque a libra é que é a moeda fraca, e o real, a forte.
* A jornalista viajou a convite do Santander