Marta Sfredo

Caged

Desemprego repiora no país da economia que despiora 

Números mostram 16º mês consecutivo com resultado líquido de corte de vagas no mercado de trabalho

Marta Sfredo

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Não foi pelo 16º mês consecutivo com resultado líquido de corte de vagas no mercado de trabalho que os dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) semearam inquietação nesta quinta-feira. Como se sabe, o indicador de criação de vagas de trabalho deverá ser um dos últimos a espelhar os sinais da "despiora" na economia, depois que consumo e produção se estabilizarem.

Não havia expectativa de melhora, mas o número nacional mostrou – saldo negativo de 94,7 mil vagas em julho – uma "repiora". Foi o pior número desde março, quando ainda não se cogitava com seriedade algum alívio nos cortes maciços que acompanharam o declínio da atividade econômica. Naquele final de verão, havia sido podados 117,2 mil postos de trabalho. Abril deu um alívio, em maio e junho a conta voltou a pesar, mas julho registrou o segundo pior número do ano até agora.

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Desemprego desestrutura vidas e famílias, é um drama individual, mas também tem consequências coletivas. Sem o vínculo e os benefícios, o trabalhador sem vaga sobrecarrega a rede pública de assistência à saúde, que por sua vez pesa nos já fragilizados orçamentos públicos, sejam municipais, estaduais ou federais.

Outro temor que o desemprego sem alívio acentua é com a inadimplência. Sem salário, ou com perda de parte substancial da renda, as famílias são obrigadas a fazer o exercício do possível no pagamento das contas. Quitam as que representam maior "custo de não pagar", ou seja, corte de serviços essenciais. Mesmo assim, elevam-se os atrasos de contas de água e luz.

Nesta semana, pesquisa da Amcham mostrou que a alta inadimplência ocupa o terceiro lugar entre as maiores preocupações de diretores e gestores financeiros. Os pontos de inquietação são, por ordem, consumo em baixa (39%), risco de aumento de impostos (17%), calotes crescentes (14%), câmbio volátil (13%) e crédito escasso (5%).

Assim como seu antecessor, o atual ministro do Trabalho tentou forçar a visão do copo meio cheio, comparando julho de 2015, quando o saldo negativo entre demissões e contratações chegou a 150 mil, com o mês passado, ponderando que há, sim, melhora. Ou despiora. O problema é que há um ano não havia expectativa de melhoria, ao contrário do momento atual. Indicadores segmentados e antecedentes apontam desejo de tocar projetos e contratar mão de obra para desenvolvê-los, mas surgiu um sinal de que faltam fundamentos sólidos sobre os quais erguê-los.

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