Motivo de conforto para os clientes – é bom lembrar que isso significa um terço do Estado, aproximadamente, a drástica redução de tarifa imposta pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) à operação de distribução da CEEE tem dois tipos de impacto para a companhia. O primeiro é o mais óbvio: menos receita. Para uma empresa que luta para alcançar o equilíbrio econômico-financeiro, nunca é boa notícia.
Embora reduções na tarifa tenham sido a marca das revisões tarifárias deste ano – processo que ocorre a cada quatro ou cinco anos –, na média os percentuais já determinado pela Aneel foram menores. Para ficar em outro definido ontem, o da pequena Chesp, de Goiás, foi em média de 12,03%. A média da CEEE-D foi de 16,28%.
A própria empresa se apressou a esclarecer que, apesar dos preços menores, vai se apropriar de uma parte maior da conta que o cliente paga, já que boa parte vai para pagar energia, tributos e encargos. Nas contas da CEEE-D, a cada R$ 100 arrecadados, antes ficavam em seus cofres R$ 13,04, e agora, serão R$ 15,61. Certo, mas o multiplicador de R$ 100 vai encolher a partir do dia 22.
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A CEEE-D está entre duas pressões: uma aumenta desde a venda da antiga AES Sul à CPFL, dona da RGE. Foi um movimento de ''reunificação'' da atividade no Estado, fatiada para privatização parcial da empresa na década de 1990. Na época na presidência da CPFL, o hoje presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr, admitiu interesse em fazer a recomposição geográfica. Outra é que, depois de muita hesitação e divergência interna, o governo do Estado passou a considerar a hipótese de privatizar, se não a companhia inteira, ao menos a distribuidora. Depois do trauma causado nas vendas anteriores, só uma hecatombe como a que se abateu sobre as finanças do governo gaúcho chancelaria esse projeto.
A redução de tarifa pode complicar a tarefa. Transformar a empresa cronicamente deficitária em ativo atraente a investidores pode ser tornar mais difícil. No primeiro semestre, a companhia só interrompeu uma longa sequência de prejuízos com ajuda de uma espécie de indenização, pagamento que não vai se repetir. E mesmo com essa melhora, a expectativa da distribuidora é fechar o ano com geração de caixa negativa. O cálculo do custo-benefício da venda se complica.