Um dos objetivos da reestruturação do Banco do Brasil é incentivar 18 mil funcionários a se aposentar, número significativo de apenas uma das estatais em enxugamento – a Eletrobras anunciou plano similar, com redução de 5,6 mil entre desligamento voluntário (PDVs) e aposentadoria. Se a tendência se configurar, será fonte de pressão sobre a Previdência no momento em que o governo sinaliza déficit de R$ 133,6 bilhões (2,14% do PIB) para este ano e R$ 167,6 bilhões (2,47% do PIB) em 2017.
Para Kaizô Beltrão, professor da Escola Nacional de Ciências e Estatísticas e especialista em Previdência, a possibilidade de mais pressão não está afastada, embora pondere que "depende como ocorrer". Uma das dificuldades, aponta, é o afastamento definitivo da desaposentação. Quem teme perder renda com a antecipação do pedido de benefício tentará evitar a inatividade.
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Kaizô lembra, ainda, que diante do cenário de crise a adesão a PDVs pode ser menor. Na avaliação do especialista, o governo federal já deveria ter enviado o projeto de reforma:
– Espero que o governo tenha cacife político para aprovar logo o projeto, no próximo ano haverá outras prioridades.
Para Kaizô, com teto de despesas e sem reforma da Previdência, a situação será semelhante à dos Estados quebrados:
– Não será possível pagar. Podemos virar uma Grécia, seria o caos. Talvez eu seja catastrofista, mas é um cenário de sacrifícios organizados ou todos perdem. A população não tem ideia do buraco em que a gente está. As pessoas sempre têm esperança de não serem afetadas, mas falta de senso de realidade.