Assim como a queda de 3,8% em agosto foi o primeiro susto da economia no terceiro trimestre, a produção industrial abre a temporada dos indicadores mais pesados do último período do ano com novo alerta. O recuo de 1,1% em outubro não é o pior do ano, mas a volta do sinal vermelho, depois da trégua de setembro, é inquietante.
Apesar de ter mais meses positivos do que negativos, a indústria acumula queda de 7,6% desde janeiro, quase a mesma do mesmo período de 2015 (-7,5%). O resultado de agosto havia sido recebido como uma possibilidade de soluço. Agora, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) observa que "a essa altura dos acontecimentos, fica claro que perdeu força o processo de moderação da crise industrial que marcou o primeiro semestre de 2016". Em bom português, a despiora virou repiora.
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O Iedi observa que o setor havia encerrado o primeiro semestre com alta de 1,6% em relação a dezembro de 2015. Mas a produção caiu 4,3% entre junho e outubro. Na origem da reversão, o instituto situa a forte contração dos investimentos, "devido à falta de perspectivas favoráveis" e à contínua redução dos rendimentos reais provocada pelo avanço do desemprego.
Assim como boa parte do empresariado, a entidade observa e indaga: "A política econômica tem assistido de forma passiva este nova deterioração, em curso já há quatro meses. Não seria hora de mudar de postura?". Se, como dizia em agosto um dos auxiliares mais próximos do presidente Michel Temer, Moreira Franco, a legitimação de seu governo seria a saída da crise econômica, 2016 se encaminha para o final com essa condição menos provável do que na época. Ainda há tempo. Mas é preciso acelerar.