Marta Sfredo

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A coluna online é um pouco diferente da GPS da Economia, de Zero Hora, que também assino. Aqui, cabe tudo. No jornal impresso, o foco é em análise dos temas que determinam a economia (juro, inflação, câmbio, PIB), universo empresarial e investimentos.

Empréstimos

BC muda regras com mira no custo do crédito a médio prazo

Resultado prático de medida pode demorar mais para chegar a quem precisa de financiamento

Marta Sfredo

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Ao anunciar mudanças nas regras de recolhimento do depósito compulsório, o Banco Central (BC) está mirando no custo do crédito para o consumidor. A medida havia sido anunciada no dia 20 de dezembro, pelo presidente da instituição, Ilan Goldfajn, apenas como intenção. Nesta terça-feira, veio o detalhamento, mas o resultado prático pode demorar mais para chegar a quem precisa de financiamento.

A circular 3.823 simplifica a forma de apurar e recolher ao a parte do dinheiro dos clientes que fica retida na instituição. Costuma-se dizer que essa parcela fica "esterilizada" no BC, ou seja, não é transformada em novos empréstimos. Sua principal função é ajudar a controlar a quantidade de recursos que circula na economia, então é uma espécie de auxiliar da política monetária, definida pela fixação do juro básico.

Hoje, os bancos precisam enviar ao BC 45% da média dos saldos dos depósitos à vista sem qualquer remuneração. Ainda precisam recolher 20% dos recursos a prazo, sobre os quais incide a famosa taxa Selic (a referência para o mercado).

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Ao anunciar as mudanças, o diretor de Política Monetária do BC, Reinaldo Le Grazie, afirmou que o objetivo é reduzir o custo do crédito ao longo do tempo. A simplificação dos compulsórios, argumentou, vai reduzir o "custo de observância" dos bancos.

Como despesas administrativas fazem parte do chamado spread – a diferença entre o que o banco paga aos depositantes e o que cobra de quem faz empréstimos –, havia expectativa de que a redução nessa despesa fosse repassada ao mercado. Ex-diretor do BC, o economista Carlos Thadeu de Freitas recomenda que não se esperem efeitos a curto prazo. Mesmo com custos menores, os bancos ainda não serão incentivados a emprestar apenas com essas mudanças, avisa.

– A circular não mexe em alíquotas, não reduz o volume de recolhimento. Além disso, os bancos contam com as operações compromissadas, com as quais têm ganho certo e sem risco.

Na avaliação de Freitas, no médio prazo, o BC vai trabalhar para diminuir o spread, mas quem precisa de crédito ainda vai precisar de muita paciência.

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