Nem a proximidade da posse de Donald Trump deixa o mercado de câmbio nervoso no Brasil. Ao contrário, desde o final do ano passado, tem se consolidado a revisão das projeções da cotação para o final do ano. No boletim Focus, do Banco Central, a estimativa para o dólar no final deste ano encolheu de R$ 3,49 há quatro semanas, para R$ 3,40 na versão divulgada nesta segunda-feira. E a previsão de mais calma à frente também contribui para baixar a cotação no presente.
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O dólar na faixa de R$ 3,20 tem incentivado a quitação de dívidas no Exterior, indica a FB Capital. Fernando Bergallo, diretor de câmbio da consultoria, relata que muitos pagamentos são resultado de compras de imóveis nos Estados Unidos a partir de 2009. Segundo o especialista, teve gente que esqueceu da volatilidade.
– A maioria dos contratos imobiliários nos Estados Unidos estabelece que, se houver calote nos pagamentos, os compradores perdem tudo que já pagaram.
Mas as perspectivas embutem mais uma correção de excessos do que alguma melhora duradoura, avalia. Para Bergallo, são "remotas" as chances de a moeda americana ter queda mais acentuada neste ano. Além de incertezas no cenário político e econômico nacional, o diretor destaca ponto bastante comentado nos últimos meses: as dúvidas em relação à postura de Trump na Casa Branca.
– O mercado não conhece Trump. Há imprevisibilidade. Outro risco para os países emergentes, como o Brasil, é de que a economia americana seja aquecida. Perderíamos competitividade. Com isso, menos dólares viriam para cá – analisa.